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terça-feira, 19 de junho de 2007

Jesus Cristo: Jesus Cristo era realmente Deus?

(Revista Pergunte e Responderemos, PR 152/1972)


I.
PODE-SE DAR CREDITO AOS EVANGELHOS ?[1]


Em síntese: Para responder à questão "Cristo era realmente Deus?", é preciso recorrer, antes do mais, aos Evangelhos e escritos do Novo Testamento, pois estes constituem a principal fonte de informações atinen­tes a Jesus.

No presente artigo indaga-se: "São os Evangelhos realmente fide­dignos?" No próximo número de PR, averiguar-se-á o que dizem sobre Jesus Cristo e se considerará o veredicto proferido pela história sobre tais afir­mações.

A crítica hoje em dia reconhece que os Evangelhos não oferecem uma biografia de Cristo no sentido próprio desta palavra, mas são coletâneas de ditos e feitos do Mestre. Supõem a pregação oral da mensagem de Cristo que entre 30 e 50 (ou talvez entre 30 e 55/60) teve lugar na Palestina, na Síria, na Ásia Menor, na Grécia e em Roma. Os estudiosos liberais admi­tem (não raro em virtude de suas premissas de filosofia existencialista, sociologista...) que no decorrer dos decênios os arautos e os ouvintes da Boa-Nova tenham deturpado essa mensagem de modo que passaram a professar um "Cristo" (o Cristo da fé) diferente do Cristo real da história. Em conseqüência, já não teríamos nos Evangelhos o eco fiel dos ditos e feitos de Cristo.

A esta tese liberal (mais inspirada por posições filosóficas do que por critérios de literatura, história e exegese) podem-se objetar dados pon­deráveis: 1) os Apóstolos não tencionavam ser mais do que testemunhas do que haviam ouvido e visto (cf. At 1,21s; 1 Cor 15,1s; Gál 1, 8s).

2) Faziam questão de guardar o depósito que tinham recebido, distinguindo-o bem de mitos e fábulas (cf. 1 Tim 1,4; 4,7; 2 Tim 4,4; 2 Pe 1, 16). 3) Além disto, a doutrina católica ensina que o Espírito Santo assistiu aos Apóstolos e evangelistas na sua obra de transmissão da Boa-Nova, possibilitando a explicitação da mesma sem deturpações.

Pode-se, pois, dar crédito ao testemunho dos Evangelhos e deles depreender o que Jesus disse a respeito de si e o que fez para comprovar o que disse.

***

Resposta: Muitas pessoas acreditam sem dificuldade na existência de Deus, que por mais de um motivo lhes parece óbvia. Diante de Cristo, porém, não vêem por que aceitar que seja verdadeiramente Deus (Deus feito homem), como ensina a fé cristã: a noção de «Deus encarnado» (verdadeiro Deus e verdadeiro homem) parece-lhes paradoxal demais ou mesmo mitológica. Dada a grande freqüência com que voltam tais dú­vidas, vamos abordar o assunto de maneira sincera e profunda, visando a ajudar a quantos lealmente procuram a verdade.

Há cinqüenta anos ou mais, quem quisesse encaminhar a resposta à questão da Divindade de Cristo, compulsava os Evangelhos e citava os textos que mais realçam a consciência que Jesus tinha de ser realmente Deus, igual ao Pai; acrescen­tava-se um perfil físico e psíquico de Cristo para mostrar que Jesus era sadio e alheio a toda obsessão e fraudulencia enga­nadora. Estava assim, em linhas gerais, encerrada a demons­tração. - Hoje em dia, não é possível proceder tão sumaria­mente, pois se pergunta se os textos dos Evangelhos citados referem a realidade histórica (a figura e os dizeres do Jesus que viveu na Palestina) ou, antes, o modo de pensar dos discí­pulos, que terão atribuído a Cristo os predicados que eles sub­jetivamente imaginavam e sentiam.

Em conseqüência, o presente estudo será dividido em duas partes:

1) Crítica dos Evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas, João) ou averiguação da fidelidade histórica dos mesmos. - Estes são realmente a fonte principal de informações sobre Jesus Cristo, de modo que neles é que se baseia qualquer posição pró ou contra a Divindade de Cristo. Fora da literatura cristã, encontramos testemunhos de rabinos judeus (Talmud) e de escritores roma­nos sobre Jesus Cristo. Cf. PR 7/1957, pp. 23-27. Assim ates­tada, a existência real de Jesus Cristo como homem não é pos­ta em xeque pelos críticos hoje em dia.

2) Exame dos dizeres de Jesus e dos Evangelistas con­cernentes à Divindade de Cristo. Ao que se seguirá uma refle­xão sobre as conseqüências de tais dizeres na história poste­rior da humanidade. A história é importante critério para ava­liarmos a pessoa e a obra de Jesus Cristo.

O nosso estudo, portanto, se estenderá por dois fascículos consecutivos de PR. Neste número deter-nos-emos sobre a in­vestigação da fidelidade dos Evangelhos à história.

O presente artigo poderá parecer um tanto técnico e elevado. - Jul­gamos, porém, que não se poderia abordar assunto tão importante sem usar da máxima seriedade e de precisão nas afirmações.

A crítica considera a questão sob dois aspectos:

- fidelidade literária dos Evangelhos: o texto que hoje temos de Mateus, Marcos, Lucas e João corresponde aos ma­nuscritos autógrafos ou terá sido interpolado e deturpado, de modo que já não se preste a um estudo sério?

- fidelidade histórica: o que os Evangelhos (literariamen­te criticados) referem, é o espelho de realidades históricas ou a expressão do que subjetivamente pensavam os cristãos?

Estudaremos cada uma destas questões de per si.

1. Texto do Evangelho foi falsificado?

1. Os críticos não alimentam sérias dúvidas sobre a autenticidade literária dos textos gregos de Mt, Mc, Lc e Jo de que hoje dispomos[2].

Com efeito, embora tais textos apresentem numerosas va­riantes (geralmente de pouca monta, pois versam sobre colo­cação ou omissão de artigo, emprego de partículas enfáticas, modos e tempos de verbos, etc.), pode-se reconstituir com gran­de probabilidade a face do texto original. Existe grande nú­mero de códices antigos e de traduções feitas nos séc. II/III (para o sírio, o copta, o latim...); tais códices e traduções, confrontados entre si, permitem ao estudioso dirimir as dúvidas concernentes ao teor dos originais dos Evangelhos. Assim em 1967 contavam-se

81 papiros (datados dos séc. II-IV) que apresentam par­tes do texto do Novo Testamento;

266 códices maiúsculos[3] (dos séc. IV-X) do Novo Testa­mento;

2.754 códices minúsculos[4] (dos séc. X-XVI) do Novo Tes­tamento;

2.135 lecionários[5] do Novo Testamento.

Estes dados perfaziam em 1967 um total de 5.236 manus­critos, completos ou fragmentários, do Novo Testamento. Tal quantidade (que vai crescendo, pois vão sendo descobertos no­vos testemunhos antigos e medievais do texto bíblico) pode ser dita «fantástica», desde que se leve em conta a transmissão das obras dos autores clássicos romanos e gregos.

Na verdade, acontece não raro que só se possui um ma­nuscrito de determinada obra de um clássico (ao passo que do Novo Testamento existem milhares). E tal manuscrito (cópia do autógrafo já perdido) dista de seus originais pelo intervalo de séculos. Assim o autor que melhor se pode conhecer, é Virgílio ( 19 a. C.); ora há um intervalo de 350 anos entre a mor­te deste poeta e o mais antigo manuscrito do mesmo hoje con­servado. Para Tito Lívi ( 17 d. C.), o intervalo correspon­dente é de 500 anos; para Horácio ( 8 a. C.), é de 900 anos; para Cornélio Nepos ( 32 a. C.), 1200 anos; para Platão ( 347 a. C.) e Tucídides ( 395 a. C.), 1300 anos; para Eurí­pedes ( 407/406 a. C.), 1600 anos.

Note-se também que o mais antigo papiro do Novo Tes­tamento que se tenha, é o de 457. Data do início do século II e apresenta o texto de Jo 18,31-33. 37s (é importante observar que o evangelho de S. João foi redigido nos últimos anos do século I). Acha-se guardado em Manchester, na John Rylands Library. Este manuscrito, descoberto em 1935 no Egito, dá a ver que, poucos decênios (os que correspondem aproximadamen­te à duração de uma geração humana) após a composição de João na Ásia Menor, este livro já era lido no Egito.

O sábio suíço Martin Bodmer constituiu uma biblioteca perto de Genebra, em que se guardam importantes manuscri­tos do Novo Testamento: assim o Papyrus Bodmer III ou P 66, que é um conjunto de folhas de papiro com o texto do Evan­gelho de São João, conjunto datado do ano 200 aproximada­mente e descoberto em 1956. O Papyrus Bodmer XIV-XV ou P 75 data do início do séc. III; descoberto em 1961, reproduz, quase por inteiro, o terceiro e o quarto Evangelhos.

Outra coleção célebre é designada por «Papiro de Ches­ter-Beatty» (P 45). Encontra-se em Londres e conserva frag­mentos de papiros que foram escritos no século III com o texto dos Evangelhos e dos Atos dos Apóstolos.

O cotejo dos papiros, dos códices e das traduções antigas do Novo Testamento tem possibilitado aos estudiosos a con­fecção de edições críticas do Novo Testamento, tais como as de Merk (católico) e Nestle (protestante) e - a mais abaliza­da - a edição de Aland, Black, Martini, Metzger e Wikgren (comissão mista protestante-católica).

Em suma, o balanço do estudo crítico do texto dos Evan­gelhos é altamente positivo. Permite verificar que a transmis­são do Novo Testamento através dos séculos deixou inalte­rado o depósito dos Evangelistas e Apóstolos e nos fornece hoje sólida base para estudos sobre a pessoa e a obra de Jesus Cris­to. Se o retrato de Jesus que nos veio através dos Evangelhos sofreu falsificação, esta só se pode ter dado quando os Evan­gelhos foram consignados por escrito ou antes, pois é inegável que o texto escrito nos chegou às mãos hoje em estado de alta fidelidade.

2. A fim de que o leitor possa formar um juízo sobre o valor do confronto dos manuscritos, sejam consignados aqui alguns exemplos ilustrativos:

- o trecho de Lc 22, 43s, que refere o suor de sangue du­rante a oração de Jesus no horto das Oliveiras, foi posto em xeque já nos primeiros séculos da Igreja por motivos teológicos: caracteriza muito fortemente (para alguns cristãos, demasia­do fortemente) a natureza humana de Cristo. - O confronto dos manuscritos demonstrou que tal seção pertence ao teor original de Lc;

- a seção de Jo 7,53-8,11, que narra o episódio da mu­lher depreendida em adultério, parece ter constituído uma fo­lha avulsa, que os copistas dos Evangelhos colocaram ora no fim do Evangelho de São João (após Jo 21,23, ou seja, após o texto contínuo dos quatro Evangelhos) ou dentro do Evange­lho de São Lucas (após Lc 21,38) ou também no lugar em que hoje se acha (após Jo 7,52);[6]

- a passagem de Jo 5,4 (um anjo descia na piscina de Bezata e movia a água, de modo a curar o primeiro doente que nela se projetasse após a moção da água) é tida evidentemente como interpolação tardia;

- o famoso trecho de 1 Jo 5,6s (testemunho da SS. Trin­dade) é reconhecido, sem hesitação, como enxerto praticado no séc. IV por ocasião da controvérsia ariana.

Assim os exegetas estão em condições de restabelecer o texto em seu teor original nos casos mais controvertidos. Os resultados até hoje adquiridos pela crítica são de tal monta que se pode dizer que a imagem de Jesus consignada pelos Evangelistas não sofrerá alteração em conseqüência de pesqui­sas futuras.

Resta agora indagar se os autores dos Evangelhos nos transmitiram um retrato de Jesus ao qual se possa dar cré­dito ou que seja o espelho da realidade ocorrida.

2. Os Evangelistas foram verídicos?

1. Sabe-se que a moderna crítica dos Evangelhos chegou à sua modalidade mais recente e aprimorada na chamada «Es­cola da história das formas» (Formgeschichtliche Methode ou Cchule); nessa linha crítica destaca-se o nome de Rudolf Bult­mann, arauto da «demitização» (Entmythologisierung) dos Evangelhos. As afirmações de tal corrente de pensamento são desfavoráveis à fidelidade histórica dos Evangelistas; princi­palmente Bultmann rejeita a tendência a se procurar reconhe­cer algo do Jesus histórico (o Jesus que viveu e pregou na Palestina há quase 2.000 anos); nos Evangelhos só se encontra­ria o Jesus da fé, ou seja, o Jesus que as comunidades cristãs, em sua fé e em seu senso místico, configuraram e apregoaram.

Ora não há quem não reconheça que Bultmann e outros fautores do «método da história das formas» não são apenas exegetas, ou seja, estudiosos do texto do Evangelho e da his­tória do Novo Testamento. Em suas afirmações, norteiam-se por princípios filosóficos do existencialismo de Martin Heideg­ger, do sociologismo de E. Durkheim, do racionalismo, assim como pela noção luterana de «fé fiducial» (confiança em Deus e antiintelectualismo). São esses princípios filosóficos e teológi­cos, e não a exegese como tal, que os levam a conclusões extre­mamente negativas no tocante à veracidade dos Evangelhos. A respeito vejam-se ulteriores informações em PR 91/1967, pp. 282-290; 93,/1967, pp. 375-387; 97/1968, pp. 18-28; 108/1968, pp. 503 515.

O que neste artigo nos propomos, é utilizar os resultados válidos e indiscutíveis do método da história das formas e expor ao leitor a posição do estudioso sereno e destituído de preconceitos diante das mais recentes pesquisas da crítica dos Evan­gelhos. Procederemos passo a passo, encarando a história da for­mação dos Evangelhos e o que daí resulta para a veracidade e a credibilidade das informações que eles hoje nos transmitem.

2. 1. A história da formação dos Evangelhos

1. Jesus tem em comum com alguns mestres que a huma­nidade tem venerado entusiasticamente, o fato de não haver deixado um só escrito seu. Como no caso de Buda, Confúcio, Sócrates, também no de Jesus, foram os discípulos que consig­naram os ensinamentos por escrito. A pouca estima que os an­tigos tinham pelas formas escritas, explica tal fato. Platão, por exemplo, dizia no seu «Fedo» que somente a palavra viva (paidéia) é atuante, ao passo que a palavra escrita vem a ser um meio incerto ou mesmo uma brincadeira (paidia).

Jesus, tendo pregado, ordenou a seus discípulos que fossem também eles pregar a Boa-Nova (cf. Mt 28,19s). Surge então a pergunta: como da palavra oral se fez o Evangelho escrito que hoje possuímos?

2. Não se julgue que uma ou algumas das testemunhas oculares e auriculares da vida de Jesus (por exemplo, um após­tolo) tenha resolvido, em dada época, redigir finalmente suas recordações concernentes a Cristo, transmitindo-nos assim o que hoje lemos. Ao contrário, houve entre a palavra oral de Jesus e os Evangelhos escritos uma história, na qual se podem distinguir três etapas:

1) A pregação dos Apóstolos e dos discípulos diretos de Jesus

Nas mais antigas comunidades cristãs, os ensinamentos de Jesus eram transmitidos de viva voz. As testemunhas oculares e auriculares da vida do Senhor referiam os ditos e os feitos do Senhor, acrescentando-lhes explicações e comentários, sem­pre que fosse necessário adaptá-los a circunstancias novas. A Igreja não necessitava de um livro dos Evangelhos, mesmo para pregar aos não cristãos. Os primeiros missionários eram testemunhas oculares e auriculares de Cristo (cf. At 2,22-24; 3,13-15; 4,20; 5,32; 8,5). Dir-se-ia que a própria Igreja viva era como um livro ou uma carta em que os interessados podiam ler para informar-se. São Paulo mesmo afirmava aos coríntios: «Vós é que sois nossa carta... que pode ser compreendida e lida por todos os homens» (2 Cor 3,2). Por conseguinte, para São Paulo, cujas cartas se tornaram livros do Novo Testamen­to, existia um testemunho maior do que o escrito em papiro, a saber: o testemunho da vida das comunidades cristas.

2) A pregação dos discípulos dos Apóstolos

A pregação dos Apóstolos logrou êxito, de modo que as co­munidades se foram multiplicando. As primeiras testemunhas de Cristo já não bastavam para apregoar a palavra e celebrar o culto divino; foram obrigadas a instituir colaboradores que não tinham visto nem ouvido diretamente o Cristo; tais discípulos indiretos são mencionados em At 11,19s; 13,1. São Paulo, em Ef 4,11, enumerava os ministros que exerciam funções nas comunidades: «... apóstolos, profetas, evangelistas, pastores, doutores», ou seja, arautos da Palavra e da vida de Cristo.

Compreende-se que esses missionários da segunda geração tenham começado a escrever algo da tradição concernente a Jesus. Este processo lhes sustentava a memória e garantia a fidelidade aos ensinamentos; além do que, fornecia aos cristãos um memorial de Cristo mais seguro e duradouro; foi, aliás, em vista desta firmeza na fé que São Lucas escreveu o seu Evan­gelho para os cristãos de origem grega (cf. Lc. 1, 1-4). Os pri­meiros escritos da mensagem cristã não eram Evangelhos com­pletos, mas seções ou folhas volantes avulsas, que continham ou uma série de episódios doutrinários (apoftegmas) ou um conjunto de parábolas ou as narrações concernentes à morte e ressurreição do Senhor...

No decorrer da segunda geração cristã, o Evangelho saiu da Palestina, começando a ser apregoado em ambientes cultu­rais e lingüísticos do helenismo. Por conseguinte, as palavras do Senhor foram traduzidas do aramaico para o grego - o que teve importância capital.

A fixação por escrito dos ditos e feitos de Jesus deve ter sido favorecida por um precedente, ou seja, pelo fato de que já o povo de Israel fora paulatinamente consignando por escrito as suas tradições históricas e doutrinárias; os livros de Israel continuavam a ser lidos e comentados nas assembléias cristãs. A Igreja sabia ser a verdadeira descendência de Abraão (Rom 4,11) e o autêntico Israel de Deus (cf. Gál 6,16); por isto conser­vava os livros de Israel como genuíno patrimônio dos cristãos. De resto, o próprio Cristo se referia freqüentemente aos escritos do Antigo Testamento, que ele considerava Palavra de Deus (cf. Jo 10,35; Mt 22,31s); Ele sabia e proclamava que era o Filho do homem de Daniel (cf. Dan 7,13; Mc 14,62), o Servidor de Javé de Isaías (cf. Is 52,13-53, 12; Lc 22,37), o Rei que se sen­taria à direita de Deus conforme Sl 109,1 (cf. Mc 12,36s). As­sim como Jesus explicou aos discípulos de Emaus o que Moisés, os profetas e as Escrituras tinham dito a respeito dele (cf. Le 24,27), assim a Igreja recebeu de Jesus ressuscitado e glorifi­cado uma nova compreensão das Escrituras (cf. Lc 24,25). Em conseqüência, os cristãos começaram a narrar os feitos e os di­tos de Jesus utilizando termos e passagens do Antigo Testamen­to (cf. Mt 8,17 e Is 53,4); a Igreja sabia que todo o Antigo Testamento fora escrito em vista do Cristo e da nova e definitiva Aliança (cf. Rom 15,4).

Assim os escritos do Antigo Testamento contribuíram para que se originassem, como sua continuação, resposta e consuma­ção, os livros do Novo Testamento.

3) Da pregação parcialmente escrita aos textos dos Evangelhos oficializados pela Igreja

Nem tudo que Jesus fizera e dissera, podia caber num livro (cf. Jo 20, 30s). Mas ao menos os principais de seus ditos e fei­tos foram sendo consignados por escrito e transmitidos nas primeiras comunidades cristãs. Aos poucos concebeu-se entre os discípulos de Cristo a necessidade de se fazer uma síntese desses episódios que circulavam mais ou menos avulsos ou independen­tes uns dos outros. Os Evangelistas se encarregaram de faze-la na qualidade de escribas ou escritores das comunidades cristãs. Não intencionavam escrever uma biografia completa de Jesus, mas concatenar os episódios e fragmentos escritos que eram transmitidos de local a local na Igreja. O quadro geográfico e cronológico de muitos desses episódios nos Evangelhos ficou sen­do genérico e sóbrio; o agrupamento e a seqüência de tais pe­ças literárias obedecia muitas vezes a critérios didáticos e sis­temáticos, mais do que propriamente à ordem de sucessão dos acontecimentos. - Esse processo não impediu que cada Evange­lista colocasse na redação respectiva o seu estilo e o seu enfo­que próprios; cada qual apresentou a figura de Cristo segundo o seu modo pessoal, procurando realçar em Jesus de Nazaré alguns traços do Salvador prometido a judeus e gentios.

4) O testemunho de Lc 1,1-4

As três etapas que acabamos de assinalar na confecção dos Evangelhos, acham-se ,testadas pelo próprio São Lucas, que no prólogo do seu Evangelho escreve:

"Muitos empreenderam compor uma história dos acontecimentos que se realizaram entre nós, como no-los transmitiram aqueles que foram desde o princípio testemunhas oculares e que se tornaram ministros da palavra. Também a mim pareceu bem, depois de haver diligentemente investigado tudo desde o princípio, escreve-los para ti segundo a ordem, ó excelentíssimo Teófilo, para que conheças a solidez daqueles ensinamentos que tens re­cebido" (Lc 1,1-4).

Nesta passagem, o Evangelista distingue três momentos:

a) O momento e a função das testemunhas oculares. «Os que viram e se tornaram servidores da palavra», deram iní­cio à tradição do Evangelho. Esta procedeu, pois, de teste­munhas; não foi concebida em escolas, academias ou em so­nhos e revelações particulares; os Apóstolos faziam questão de se apresentar sempre como testemunhas do que Jesus dissera e fizera (veja-se em At 1, 21s a exigência para que alguém seja constituído Apóstolo). Não eram os senhores da palavra, mas os servidores e ministros da mesma.

b) Os inícios da redação escrita. «Muitos empreenderam compor uma história dos acontecimentos que se realizaram entre nós». A tradição oral foi-se fixando em fragmentos es­critos; nenhum Evangelho foi redigido de um só lance; na literatura antiga nada havia que equivalesse ou se asseme­lhasse a um Evangelho escrito.

c) A radiação dos Evangelhos completos. «Resolvi, tam­bém eu, depois de haver diligentemente investigado tudo,... escrever... » A função dos Evangelistas foi, portanto, a de reunir e concatenar, colocando na sua obra algo de seu gênio pessoal.

Quanto às datas em que foram redigidos os Evangelhos, não há convergência absoluta entre os estudiosos que tentam assinalá-las. Podem-se aceitar os seguintes dados como sendo os mais prováveis: o Evangelho de Marcos (original grego) data dos anos de 65/70; o de Lucas (original grego) remonta a 75/80; o de Mateus supõe uma primeira redação em ara­maico por volta de 50; este texto se perdeu, de modo que hoje só temos uma redação grega ampliada, que se deve aos anos de 80/85. O Evangelho de João data de cerca do ano 100.

Uma vez proposta a história da formação do texto atual dos Evangelhos, coloca-se obviamente a pergunta: essas su­cessivas etapas da transmissão oral e escrita não contribuíram para deturpar a figura e a mensagem originais de Cristo? As preocupações com a disciplina, a liturgia, a apologia das pri­meiras comunidades não concorreram para se formar uma no­va imagem de Jesus nos primeiros decênios? Podemos aceitar que as Evangelistas consignaram realmente o Jesus da histó­ria e não apenas o Jesus da fé (ou das concepções subjetivas dos antigos cristãos)? - É o que vamos estudar abaixo.

2.2. Que crédito merecem os Evangelistas?

2.2.1. Em termos positivos

1. Os estudos de crítica literária dos Evangelhos, mostran­do fidelidade dos códigos à transmissão do texto sagrado, su­gerem-nos que, se houve alterações essenciais na figura de Jesus, estas alterações se deram no período de pregação oral que antecedeu a fixação dos Evangelhos por escrito. Ora este fato suscita dificuldades à crítica liberal. Com efeito,

1) em menos de trinta anos os antigos cristãos teriam concebido uma imagem radicalmente nova de Jesus; em trinta anos no máximo, o rabino e profeta de Nazaré ter-se-ia torna­do o Cristo da fé. Ora esta hipótese parece não levar em con­ta a lentidão do processo em que são aureolados ou endeusa­dos os vultos da história. Enquanto há testemunhas oculares e auriculares de um personagem humano, há sempre controle sobre as lendas e fábulas respectivas (principalmente no caso de Jesus os adversários eram ávidos de denunciar qualquer fraude na transmissão da figura e da mensagem de Cristo).

2) Em toda a sua pregação oral e escrita os Apóstolos fa­ziam questão de testemunhar apenas o que acontecera, distin­guindo ciosamente de tal testemunho as fábulas e mitos que certos falsos arautos tentavam introduzir na pregação do Evangelho (cf. 1 Tim 1,3s; 4,7; 2 Tim 4,3s; Ti 1,14; 2 Pe 1,16)[7].

3) Para controlar a veracidade dos Evangelistas, temos outros livros do Novo Testamento, principalmente as cartas de São Paulo. Estas foram redigidas - pode-se dizer - antes que os Evangelhos chegassem à sua atual forma escrita, ou seja, entre 50 e 67. Nos outros livros do Novo Testamento não se encontram minúcias da vida de Jesus, pois estas não esta­vam na mira dos respectivos autores sagrados; mas temos aí o testemunho dos acontecimentos essenciais concernentes a Cristo: nasceu da mulher e foi submetido à Lei (Gál 4,4); era filho de Davi (cf. Rom 1,14); pregou a Boa-Nova e realizou feitos maravilhosos (cf. At 2,22; 10,37-39); padeceu a morte de cruz e ressuscitou (cf. At 1,22; 2,23-36; 3,13-15; 4,10; 10,39-41; 1 Cor 15, 3-7; Gál 2,20; Col 2,14s). São Paulo faz eco explícito a certos ensinamentos de Jesus: sabe que Jesus se opôs ao divórcio (cf. 1 Cor 7,10-15; Mc 10,11s; Lc 16,18); instituiu a ceia eucarística (cf. 1 Cor 11,23-25; Mc 14,23s); re­fere-se aos preceitos que o Senhor estabeleceu (cf. 1 Cor 7,10; 9,14; 11,23).

Numa crítica sóbria e serena, pode-se, pois, concluir: há sérias razões em favor da autenticidade da figura e da men­sagem de Jesus que os Evangelistas nos transmitem.

Todavia torna-se necessário agora observar as modalida­des dessa autêntica transmissão.

2.2.2. As modalidades do fato positivo

Para completar a nossa noção de fidelidade dos Evange­lhos, impõem-se-nos ulteriores observações:

1) No tocante aos discursos de Jesus, compreende-se que os imediatos ouvintes não tenham pensado em decorá-los. Por vezes mal entendiam todo o alcance do que Jesus lhes ensi­nava. Quando, pois, apregoaram a mensagem de Cristo, não puderam por vezes senão referir o conteúdo dessa mensagem, recorrendo a linguagem sinônima e variegada. É o que expli­ca as diversidades nas palavras de Jesus sobre o pão e o vinho nas narrações da última ceia (cf. Mt 26,26-29; Mc 14,22-24; Lc 22,19s; 1 Cor 11,23-25); na formulação do Pai-Nosso (cf. Mt 6,9-13; Lc 11,24); no sermão missionário de Cristo (cf. Mc 6,8s; Mt 10,9s)... Sabe-se também que o vocabulário e o estilo de Jesus no Evangelho de São João são diversos dos que os sinópticos apresentam.

Contudo mesmo assim há passagens em que os críticos julgam poder reconhecer literalmente as palavras mesmas pro­feridas por Jesus no seu sabor primitivo aramaico; são «ipsis­sima verba Christi» (segundo o estudioso protestante Joachim Jeremias). Assim a expressão «Em verdade, em verdade (amém, amém) eu vos digo... », com a qual Jesus introduz muitas de suas afirmações, não tinha paralelo na literatura contemporânea aos Apóstolos; é criação de Jesus literalmente consignada pelos Evangelistas (cf. Mc 9,1; Mt 26,21; Jo 1,51; 3,3; 13,21). Também certas expressões do Pai-Nosso, como o apelativo Pai e algumas petições («perdoa-nos as nossas dívi­das..., santificado seja o teu nome... ») têm genuíno sabor aramaico. Diga-se o mesmo a respeito das palavras com que Jesus confere o primado a Pedro em Mt 16,17-19; são o eco imediato da linguagem original de Jesus («Feliz és tu, ... car­ne e sangue. , Pai que está nos céus..., Pedro-pedra..., por­tas do inferno..., chaves do Reino dos céus... ligar- des­ligar»). Mais: o uso das parábolas, tão freqüente como é nos Evangelhos, não pode ter sido criado pelas comunidades pri­mitivas.

2) Os Evangelistas intencionaram dar testemunho da vida de Jesus sem inventar; cf. Le 1,1-4; Jo 19,35; 20,30s; 21,24s. Isto, porém, não exclui que tenham recorrido a gêneros literá­rios ou procedimentos estilísticos vigentes entre os judeus. Já que a finalidade sua era anunciar a Boa-Nova ou fazer que os leitores, lendo os ditos e os feitos de Jesus, reconhecessem o Messias prometido aos patriarcas, procuraram eles aludir aos fatos históricos de maneira e torná-los transparentes ou mos­trar o significado teológico desses fatos.

É o que acontece, por exemplo, com a genealogia de Jesus reproduzida em Mt 1, 1-17. Evidentemente o Evangelista dispôs os nomes da tabela genealógica em três séries de quatorze personagens, a fim de aludir ao nome de Davi(d) (as consoan­tes D, V, D em hebraico têm o valor numérico 4+6+4=14). Jesus, aparecendo como o herdeiro de 3 X 14 gerações, era evi­dentemente caracterizado (para um judeu) como sendo o Filho de Davi por excelência ou o Rei messiânico. - São Lucas (3,23-38), ao contrário, apresenta outro tipo de genealogia, passando de Jesus até Adão, para mostrar que Jesus era o novo Adão, o irmão e Salvador de todos os homens.

Em suma, há inegavelmente nos Evangelhos modos lite­rários usuais entre os judeus e menos conhecidos a nós, moder­nos. É necessário levar em conta tais modos a fim de entender­mos a historiografia dos Evangelistas como estes a entendiam e não como nós a poderíamos entender (se não estivéssemos prevenidos).

3) É inegável também que os pregadores do Evangelho, ao anunciarem a Boa-Nova aos diversos auditórios que encontra­vam, explicitavam-na, pondo em relevo dados importantes para tais ouvintes. A pregação sempre foi algo de vivo, concebido para responder às questões vitais trazidas pelos destinatários. Assim em Mt 12, 39s é explicado o sinal de Jonas que em Lc 11, 29 é somente mencionado; ora pode-se crer que a explicitação tenha sido feita pelos Apóstolos ao apregoarem os episódios, após a morte e a ressurreição de Jesus.[8]

Acontece, porém, que este e outros exemplos de explicita­ção da mensagem de Jesus concorrem para levantar dúvidas em certos críticos sobre a autenticidade da figura e da doutri­na de Jesus transmitida pelos Evangelistas.

Que dizer em resposta a tais dúvidas?

- É o que veremos sob o título abaixo.

3. A palavra final

Em última análise, devemos reconhecer que a redação es­crita dos Evangelhos que hoje temos, traz em si a marca do es­tilo e da vida das comunidades cristãs nascentes. Este resultado do chamado «método da história das formas» é incontestável. A S. Igreja não teve dificuldade em reconhecê-lo mediante a Instrução da Pontifícia Comissão Bíblica «Sancta Mater Ecclesia» de 21/IV/1964.

1. A verificação deste fato, porém, não leva necessaria­mente a afirmar que houve deturpação da mensagem de Jesus através das etapas da pregação oral, ou seja, nos trinta anos entre a ascensão do Senhor e o início da redação dos Evange­lhos. Quem afirma a deturpação e, por conseguinte, nega a ve­racidade dos Evangelhos, só o faz na base de princípios filo­sóficos (do existencialismo, do sociologismo), e não simplesmen­te em conseqüência de suas investigações exegéticas (literárias e históricas). Quem não adota a filosofia dos críticos liberais, mas procura tranqüilamente auscultar os textos e a história das tempos do Novo Testamento, não terá motivos que o obriguem a negar a veracidade dos Evangelhos. Ao contrário, destituído de preconceitos, levará em conta todos os indícios positivos (atrás brevemente mencionados) que abonam a fidelidade histórica dos Evangelhos. E aceitará serenamente o testemunho dos Evangelistas.

2. Para um estudioso católico que se deixe orientar não somente por critérios científicos, mas também por sua fé, há nova razão para afirmar a historicidade dos Evangelhos. Com efeito; Jesus prometeu a seus Apóstolos a assistência do Espi­rito Santo, o qual haveria de os levar à plena compreensão das palavras de Cristo (cf. Jo 14,17; 16,4. 13). A fé, portanto, ensina que a explicitação e a aplicação da Boa-Nova feita pelos arautos da Igreja e consignada nos Evangelhos representa o desdobramento genuíno da doutrina de Cristo. Não pode haver, portanto, diferença essencial entre o Jesus da história (Jesus que viveu outrora na Palestina) e o Jesus da fé (Jesus afirma­do e acreditado pelas comunidades primitivas).

É nesta altura que se distanciam, uns dos outros, críticos católicos e críticos protestantes liberais. Todos admitem que o texto escrito dos Evangelhos é o reflexo não somente da memória dos Evangelistas, mas também da pregação oral dos pri­meiros decênios. A exegese liberal (Dibelius, Bultmann), po­rém, admite, em virtude de posições preconcebidas, que a pre­gação viva desfigurou a imagem e o pensamento de Cristo, ao passo que a exegese católica - isenta de preconceitos e guiada pela consciência de que o Espírito Santo assiste à sua Igreja e inspirou os autores sagrados - afirma identidade substancial entre a pregação viva de Jesus e o texto escrito dos Evangelhos.

«O Jesus da história fica sendo o fundamento necessário sobre o qual se apóia a nossa transição para o Cristo da fé. Se houvesse, como pretendem freqüentemente certas correntes não-católicas, con­tradição entre esses dois termos, nossa estaria privada dos feitos sobre os quais a Igreja sempre a fez pousar... Não colocamos nossa fé num Cristo saído da fantasia dos homens, mas no Cristo que Deus nos deu no personagem histórico que tinha por nome Jesus de Nazaré» (J. Michi, «Le problème de Jésus», p. 24).

Bibliografia

J. Michl, "Le problème de Jésus. De Jésus de I'histoire au Christ de la foi". Mulhouse 1698.

Ch. H. Schelkle, "Introduction au Nouveau Testament". Mulhouse 1965.

D. Grasso, "II problema di Cristo". Assisi 1965.

J. Albanese, "A procura da fé". São Paulo 1971.

P. Cerruti, "O Cristianismo em sua origem histórica e divina". Rio de Janeiro 1963.

Veja-se também o livro "Jesus Cristo Libertador". Leonardo Boff – Editôra Vozes

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NOTAS:

[1] No fascículo n° 153 de PR, continuaremos e encerraremos este es­tudo, apresentado o testemunho de Jesus a respeito de si mesmo.

[2] O Evangelho segundo S. Mateus foi originariamente escrito em aramaico, mas este texto inicial se perdeu, de modo que hoje em dia só se possui a respectiva versão grega, a qual corresponde a nova elaboração e ampliação do texto aramaico.

Marcos, Lucas e João escreveram seus autógrafos em grego.

[3] Escritos com letras gregas maiúsculas (unciais, capitais).

[4] Escritos com letras gregas minúsculas.

[5] Repertórios de leituras a ser utilizadas na liturgia, repertórios com­postos em diversas épocas da história antiga e medieval da Igreja.

[6] O fato de não se saber exatamente qual o autor humano de determi­nada passagem bíblica, não significa que essa passagem não seja inspirada ou canônica. Pode-se discutir aquele sem se pôr em dúvida a inspiração bíblica.

[7] Apenas para facilitar a reflexão do leitor, transcrevemos aqui alguns dos textos citados acima:

1 Tim 1,3-5: "Torno a lembrar-te a recomendação que te dei quando parti para a Macedonia: devias permanecer em Éfeso para impedir que certas pessoas andassem a ensinar doutrinas extravagantes, e a preocupar-se com fábulas (mythois) e genealogias. Essas coisas, em vez de promover a obra de Deus, que se baseia na fé, só servem para ocasionar disputas".

1 Tim 4,7: "Quanto às fábulas profanas (mythous), esses contos extra­vagantes de comadres, rejeita-os. Exercita-te na piedade".

Ti 1,14: "Repreende-os severamente, para que se conservem sãos na fé e não se apeguem a fábulas (mythois) judaicas e aos preceitos daque­les que viram as costas à verdade".

2 Pe 1,16: "Não foi baseados em fábulas (mythois) ardilosamente in­ventadas que vos fizemos conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, mas, sim, depois de termos sido testemunhas oculares de sua majestade".

[8] Comparem-se os textos:

Lc 11,29: "Esta geração... pede um sinal; mas não se lhe dará outro sinal senão o do profeta Jonas. Pois, como Jonas foi um sinal para os ninivitas, assim o Filho do homem o será para esta geração".

Mt 12,39s: "Esta geração... pede um sinal; mas não lhe será dado outro sinal senão aquele do profeta Jonas. Do mesmo modo que Jonas esteve três dias e três noites no ventre do peixe, assim o Filho do homem ficará três dias e três noites no seio da terra".

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