Em síntese: Suposto, como é consentâneo com a crítica sadia, que os Evangelistas nos transmitem uma imagem fiel de Jesus histórico, nas páginas seguintes procura-se examinar a pessoa de Jesus que se delineia nos Evangelhos. Ora verifica-se que
- Jesus afirmou repetidamente ser o Filho de Deus, não em sentido metafórico, mas em sentido próprio; Ele era igual ao Pai.
- Jesus gozava de perfeita saúde física, capaz como era de levar a dura vida de viandante pobre pelas estradas da Palestina; na hora da morte deu o supremo testemunho de resistência física.
- Jesus gozava também de perfeita saúde psíquica. Possuía inteligência perspicaz e ampla. Tinha também vontade firme e enérgica, que bem sabia o que queria e para seu objetivo se encaminhava apesar de todos os obstáculos.
- Jesus era moralmente íntegro. No momento em que os adversários quiseram condená-Lo à morte, não encontraram um título de acusação contra Ele; cf. Mt 26,59s. Jesus mesmo desafiava seus interlocutores: "Quem de vós me argüirá de pecado?" (Jo 8,46).
- A história, por sua vez, levou a sério as palavras de Jesus. A história da humanidade é dividida em período anterior e período posterior a Cristo; milhões e milhões de heróis deram a vida para não trair a Jesus. Os efeitos da mensagem de Cristo até hoje perduram e estão documentados na civilização ocidental. Ora ninguém leva a sério um doente (físico ou mental) ou um impostor e ilusionista.
Donde se vê que há fundamentos racionais e eloqüentes para se admitir que Jesus Cristo tenha sido realmente Deus, como Ele disse. Assim a fé
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Comentário: Em PR 152/1972, pp. 343-358, iniciamos o estudo das provas da Divindade de Jesus Cristo, levando em consideração, antes do mais, a veracidade dos Evangelhos (que constituem o documentário principal para conhecermos Jesus Cristo). A critica dos Evangelhos leva a afirmar a fidelidade dos mesmos à história, dentro do gênero literário respectivo (os Evangelhos não são crônicas no sentido moderno, mas apresentação dos ditos e feitos de Jesus em vista da catequese). Embora os Evangelhos não refiram a vida de Jesus Cristo segundo a ordem cronológica dos fatos, pode-se dizer que as suas narrações são fontes fidedignas para reconhecermos a pessoa e a obra de Jesus Cristo.
Procuramos agora deduzir dos Evangelhos uma resposta para as perguntas: Jesus, por suas palavras e seus feitos ou gestos, se apresentou realmente como Deus? Tinha sanidade física e mental para propor o que Ele propôs? Era reto e honesto?
Antes de entrar no presente estudo, cabe-nos observar que, em última análise, é a fé que leva alguém a aceitar a Divindade de Cristo; todavia essa é pode ser preparada e robustecida pelo exame científico dos Evangelhos. A razão tem algo a dizer diante da questão: «Jesus era Deus?» Não raro é o uso deficiente ou superficial da razão que leva a negar o que há de transcendente em Cristo; bem aplicada ao estudo, a razão dissipa numerosas dúvidas e preconceitos, apontando conclusões positivas.
1. Que disse Jesus a respeito de si mesmo?
Dentre as afirmações de Cristo, distinguiremos testemunhos diretos e testemunhos indiretos.
1.1. Testemunhos diretos
Jesus se afirmou «Filho de Deus». Verdade é que os israelitas não recusavam tal título aos homens justos e retos; cf. Sab 2,13.18. Os cristãos também se designavam como «filhos de Deus» (cf. Rom 8,14.19; Mt 5,9.45). Tratava-se, conforme São Paulo, de filiação adotiva ou da filiação por graça de Deus. Em conseqüência, será necessário examinarmos em que sentido terá Jesus entendido a sua auto-afirmação.
É o que procuraremos depreender da análise dos textos do Evangelho.
1) O testemunho mais importante é o que Jesus profere perante os seus adversários no Sinédrio (tribunal dos judeus), dando assim ocasião a que o condenassem à morte:
Mc 14,61s: "O Sumo Sacerdote perguntou a Jesus: 'Es tu o Cristo, o Filho de Deus Bendito?' Jesus respondeu: 'Eu o sou. E vereis o Filho do Homem sentado à direita do poder de Deus vindo sobre as nuvens do céu' " (cf. Mt 26,63).
Os juizes no Sinédrio entenderam esta afirmação de Jesus como blasfêmia: «Blasfemou; é réu de morte!» (Mt 26,65); Jesus parecia-lhes usurpar um título que só a Deus competia. Não interpretaram, pois, a expressão «Filho de Deus» em sentido metafórico, figurado, mas, sim, em estrito sentido metafísico. Ademais o «sentar-se à direita de Deus» que Jesus atribui a si mesmo, significa igualdade com Deus (Deus não tem direita propriamente dita, pois não é corpóreo, mas o «sentar-se à direita», no caso, indica colocação em plano de igualdade com Deus). A reação do sinédrio («Blasfemou!») revela bem como a resposta de Jesus foi entendida: a blasfêmia se dirige contra Deus diretamente; Jesus não protestou contra a interpretação dos sinedristas; mas aceitou a morte por ter-se proclamado «Filho de Deus» no significado próprio desta expressão.
Aliás, também o Evangelho de São João, ao referir o final de uma altercação de Jesus com os judeus, afirma: «Por esta razão os judeus com maior ardor procuravam tirar-lhe a vida, porque não somente violava o repouso do sábado, mas afirmava ainda que Deus era seu Pai e se fazia igual a Deus» (Jo 5,18).
2) No decorrer da sua vida pública, Jesus referiu-se às disposições necessárias para conhecer a Deus; prorrompeu então em uma afirmação que manifesta o seu singular relacionamento com o Pai Celeste:
Mt 11,27: "Todas as coisas me foram dadas por meu Pai, e ninguém conhece o Filho senão o Pai; e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho quiser revelá-lo".
Jesus aqui estabelece nítida distinção entre Ele, que conhece o Pai (isto é, Deus) e outros que não O conhecem, mas O podem conhecer caso Jesus O queira revelar. Esta distinção supõe que, para Jesus, conhecer o Pai seja inerente à sua natureza de Filho. Os outros, não tendo a natureza de Deus (que Jesus tem), não podem conhecer plenamente a Deus a menos que Deus mesmo lhes conceda esse conhecimento. O que a Jesus compete por natureza (porque é Deus como o Pai é Deus), aos outros compete por graça, ou seja, por um ato de benevolência do próprio Deus.
Doutra parte, Jesus afirma que conhece o Pai como o Pai O conhece. Isto indica que o conhecimento que Jesus tem do Pai, é de alcance infinito, porque Deus é infinito. Ora um conhecimento de alcance infinito supõe uma natureza infinitamente perfeita. É este o motivo pelo qual os outros homens não podem conhecer a Deus como Jesus O conhece; somente um privilégio ou uma graça de Deus pode levá-los a conhecer o Infinito face-a-face.
Mais ainda: as palavras de Mt 11,27 dão-nos a entender que a realidade íntima de Jesus é tão profunda, tão rica e transcendente, que somente o Pai (Deus a conhece adequadamente; ela ultrapassa as possibilidades e o alcance de qualquer criatura. Assim Jesus enfaticamente se apresenta igual ao Pai.
3) Estando certa vez a sós com os discípulos, perguntou-lhes Jesus: «Que dizem os homens a respeito do Filho do Homem?» Os Apóstolos apresentaram-lhe as opiniões variadas da multidão, às quais Pedro acrescentou: «Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo». Jesus o confirmou, dizendo: «Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou, mas o meu Pai que está nos céus» (Mt 16,13-17).
Perguntamo-nos: que foi revelado a Pedro? - O fato de ser Jesus o Filho de Deus em sentido próprio. A messianidade de Jesus já se tornara conhecida aos Apóstolos através da convivência e dos feitos de Jesus. Quanto â Divindade de Jesus, Pedro a reconhecera claramente em virtude de uma intervenção direta do Pai.
4) Merece atenção também a parábola dos vinhateiros homicidas relatada em Mc 12,1-12; Mt 21, 33-46; Lc 20,9-19:
Um homem tinha uma vinha, que ele arrendou a vinhateiros a fim de receber deles os frutos no tempo oportuno. Mandou-lhes, pois, na época própria três servos sucessivamente para pedir a parte do produto da vinha que lhe competia. Foram, porém, duramente maltratados. "Restava-lhe ainda um filho único, a quem muito amava. Enviou-o também por último a ir ter com eles, dizendo: 'Terão respeito a meu filho!'... Os vinhateiros porém, disseram uns aos outros: ‘Este é o herdeiro. Vinde, matemo-lo, e será nossa a herança!’ Agarrando-o, mataram-no, e lançaram-no fora da vinha”. Nota, por fim, o Evangelista: “Os judeus procuravam prendê-lo, mas temiam o povo, porque tinham entendido que a respeito deles dissera essa parábola”.
Em tal parábola, o «filho» designa Jesus com toda a evidência, ao passo que o senhor da vinha simboliza Javé ou Deus Pai. Segundo alguns críticos, porém, não foi Jesus quem contou essa parábola; ela terá sido forjada pelas primeiras comunidades s cristãs. Contra tal hipótese levantam-se bons exegetas, que afirmam a índole primitiva e autêntica dessa parábola. De resto, a hipótese da crítica liberal só faz diferir o problema, pois deixa aberta a pergunta: como as comunidades cristãs puderam chegar a estabelecer uma afirmação de tão amplas conseqüências? Não será mais reto e sábio dizer o seguinte: a consciência que a Igreja tinha de que Jesus era Filho de Deus originava-se da consciência que o próprio Jesus tinha da sua Divindade?
5) No Evangelho segundo São João, a Divindade de Cristo é afirmada em termos ainda mais explícitos:
No prólogo, diz o Evangelista que «o Lógos (o Verbo) era Deus»; ora «o Verbo se fez carne e ergueu sua tenda entre nós. Vimos a sua glória, glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade» (cf. Jo 1, 1.14). Donde se depreende que, segundo o Evangelista, Jesus é Deus feito homem.
Em um discurso aos judeus, exclamava Jesus: «Eu e o Pai somos um só» (Jo 10,30). Um só, em que sentido? - Têm a mesma natureza; Jesus é Deus como o Pai é Deus. Ouvindo tais palavras, os judeus se escandalizaram, pois as julgavam contrárias ao monoteísmo - pilastra da religião de Israel -, e apanharam pedras para lançá-las em Jesus como blasfemo. Ao que Jesus replicou: «Mostrei-vos muitas coisas boas da parte de meu Pai; por qual delas me quereis apedrejar?» Responderam-lhe então os judeus: «Não te apedrejamos por causa das obras boas, mas porque, sendo homem, te fazes Deus» (Jo 10,33). - Note-se: se os judeus tivessem mal entendido as palavras de Jesus, Este certamente os teria esclarecido. Ao contrário, porém, o Mestre insistiu: «Se faço as obras de meu Pai e não quereis dar crédito às minhas palavras, crede ao menos nas minhas obras, a fim de que saibais e creais que o Pai está em mim e eu estou no Pai» (Jo 10,37s).
A afirmação de mútua imanência volta na última ceia, quando Jesus se dirigiu ao apóstolo Filipe nestes termos: «Quem me vê, vê o Pai. Como podes dizer: Mostra-nos o Pai? Não crês que eu estou no Pai e o Pai está em mim?» (Jo 14,9).
Passemos agora aos
1.2. Testemunhos indiretos
Existe nos Evangelhos uma fórmula relativamente freqüente que não era usual na linguagem dos tempos de Cristo: «Em verdade, em verdade, eu te (vos) digo». Esta fórmula é tida como uma das que se podem atribuir diretamente aos lábios de Jesus. Ela serve para introduzir declarações às quais se comparam os oráculos dos Profetas do Antigo Testamento, que começavam por advertência semelhante: «Assim fala o Senhor Deus». Há, porém, uma diferença capital entre as sentenças de Jesus e as dos Profetas; estes apelavam para Deus a fim de dar autoridade às suas palavras; ao contrário, Jesus só invocava sua autoridade própria, que Ele mostrava ser igual à de Deus mesmo. - Embora fossem fortes e claras, as palavras de Jesus nada tinham de soberba ou de vã oratória; os guardas do Templo enviados para prender Jesus deram o testemunho: «Jamais homem algum falou como este homem» (Jo
7, 46).
Apoiando-se, pois, sobre a sua autoridade própria, Jesus manifestava o desígnio e os preceitos de Deus, ainda que contradissesse às normas vigentes em Israel.
1) Assim tomou a liberdade de declarar que o que fora revelado na Lei antiga era incompleto:
a) no sermão sobre a montanha, ouve-se seis vezes a antítese: "Ouvistes o que foi dito aos antigos... Eu, porém, vos digo..." (cf. Mt 5,17-47). Com este confronto Jesus ultrapassa as normas da lei antiga, exigindo maior perfeição da parte de seus ouvintes. Por exemplo, ao passo que o adultério era denunciado pela Lei de Moisés, Jesus reprova até mesmo as más intenções do coração humano; ao passo que a Lei permitia o talião - "dente por dente..." - Jesus manda tratar o adversário com magnanimidade.
Tenha-se em vista que o legislador do Antigo Testamento, Moisés, falara em nome de Deus; a Lei de Moisés era a Lei de Deus, adaptada à compreensão do povo de Israel rude e infantil. Compreende-se então a "audácia" de Jesus: Ele ousou retocar e rematar o que Deus havia feito. Ora só Deus pode atribuir a si o domínio sobre as coisas de Deus e o direito de aperfeiçoá-las. E - note-se bem - as palavras de Jesus no sermão da montanha, em vez de provocar escândalo nos seus ouvintes judeus, despertaram admiração: "Quando Jesus terminou o discurso, a multidão ficou impressionada com a sua doutrina. Com efeito, Ele ensinava como quem tinha autoridade, e não como os seus escribas" (Mt 7,28s).
b) Em consonância com estas considerações, podem-se citar os dizeres de Jesus em Mc 2,27s: "O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado; e, para dizer tudo, o Filho do Homem é senhor também do sábado". Jesus acabara de permitir uma justificada transgressão do sábado. Ora o preceito do sábado era dos mais sagrados da Lei de Deus; Jesus, porém, não recusa dizer que Ele é o Senhor do sábado.
c) No tocante à pureza e impureza legal, Jesus mostra que a Lei antiga é incompleta; cf. Mc 7,1-23; Mt 15,1-20.
d) Quanto ao divórcio, extingue o costume vigente em Israel e incute o matrimônio indissolúvel; cf. Mc 7,1-2; Mt 19,3-9; Lc 16,18.
2) Não somente Jesus proclamou a insuficiência da Lei antiga, mas ainda apresentou-se como critério de perfeição e salvação. Com efeito,
- mandou que os homens assumissem o jugo (a doutrina) de Jesus sobre as suas espáduas; cf. Mt 11,29s;
- proclamou felizes os que fossem perseguidos por causa dele cf. Mt 5,11;
- anunciou que os homens seriam julgados na base do que tivessem feito a Ele (Jesus). Dirá
Ele no juízo final: "Vinde, benditos..., tomai posse do Reino..., porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; fui peregrino e me recebestes; estive nu, e me vestistes..." E a quem se admirar por tais afirmações, Ele explicará: O que fizestes a um dos meus irmãos, foi a mim que o fizestes" (Mt 25, 31-46). Aos maus Jesus condenará por não haverem assistido aos seus irmãos, nos quais Jesus se tornara presente.
Estas frases merecem atenção: segundo Jesus, quem dá ou recusa ao próximo, dá ou recusa ao próprio Cristo. E o juiz das ações boas ou más será Ele, o Cristo. Ora é óbvio que o juiz dos homens é Deus; Deus é o ponto de referência de toda a lei moral.
- Em outra passagem, Jesus reafirma ser o critério segundo o qual será julgado o comportamento dos homens: "Se alguém... se envergonhar de mim e de minhas palavras, também o Filho do homem se envergonhará dele, quando vier na glória do seu Pai com os seus santos anjos" (Mc 8,38; cf. Mt 10,33; Lc 12,9).
3) Jesus reivindicou para si um amor superior ao que une esposo e esposa, pais e filhos. Ora amor tão forte somente a Deus pode e deve ser prestado. É o que leva mais uma vez a ver que Jesus quis afirmar sua dignidade divina e falou como Deus:
"Quem ama pai ou mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho mais do que a mim, não é digno de mim" (Mt 10,37).
A própria vida é outro valor que, segundo Jesus, deve ser subordinado ao amor a Cristo. Pergunta-se, porém: qual o ser capaz de exigir o sacrifício da vida humana se não Deus? Jesus, consequentemente, se insinuou como Deus quando disse: «Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por minha causa, recobrá-la-á» (Mt 16,24s).
Em suma, à pessoa de Cristo (uma vez clara e devidamente conhecida) ninguém pode ficar indiferente. É objeto de opção moral; o homem escolhe por Cristo ou contra Cristo: «Quem não está comigo, está contra mim, e quem não recolhe comigo, dispersa» (Mt 12,30). Ora somente Deus pode pretender ser tão absoluto e inevitável ao homem.
4) Note-se também que Jesus atribuiu às suas palavras uma infalibilidade tal que só pode convir à Palavra de Deus: «Passarão o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão» (Mc 13, 31). Confronte-se tal afirmação com o que dizem as Escrituras (Is 40,8) sobre a palavra de Deus: «A erva seca e a flor fenece; mas a palavra de nosso Deus permanece eternamente». Cf. SI 118,89; 1 Pe 1, 23-25.
Jesus tem consciência de ultrapassar, em importância, o profeta Jonas e, em grandeza, o rei Salomão: «No dia do juízo, os ninivitas se levantarão contra esta geração e a condenarão, porque fizeram penitência à voz de Jonas. Ora aqui está alguém que é mais do que Jonas. No dia do juízo a rainha do Sul se levantará contra esta geração e a condenará, porque veio das extremidades da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. Ora aqui está alguém que é mais do que Salomão» (Mt 12,41s).
Impõe-se agora a pergunta:
2. Que fez Jesus em testemunho do que disse?
Interroguemos o comportamento de Cristo, procurando penetrar, através dos feitos de Jesus, em sua consciência íntima.
1) Merece especial destaque o episódio do paralítico apresentado a Jesus. Este não o cura de imediato, mas diz-lhe primeiramente: «Filho, os teus pecados te são perdoados». Os escribas entenderam estas palavras como blasfêmia: «Quem pode perdoar pecados senão Deus?» Jesus não recusou a acusação; ao contrário, confirmou-a dando um sinal sensível de que tinha o poder divino de perdoar pecados; disse, pois, ao paralítico: «Levanta-te, toma o teu leito, e vai para casa» (cf. Mc 2,3-12) .
Em síntese, perdoando os pecados, Jesus exerceu um direito que compete a Deus só; e, curando o paralítico, mostrou que tal direito realmente convinha a Ele (Jesus).
2) O mesuro poder se manifestou quando uma pecadora ungiu os pés de Jesus. O Mestre aceitou o seu arrependimento, dizendo-lhe (como dissera ao paralítico): «Os teus pecados te são perdoados» (cf. Lc 7,37-50).
3) Devem-se mencionar também os milagres de Jesus, que nos Evangelhos têm caráter de sinal (seméion, segundo o Evangelho de São João) ou comprovante das afirmações de Cristo; cf. Jo 2,11; 20,30.
Verdade é que a crítica racionalista hoje em dia não aceita a historicidade dos milagres de Jesus; corresponderiam apenas a maneiras de falar alegoristas ou lendárias da antigüidade. Todavia note-se que tal tese não se deriva simplesmente do exame literário do texto do Evangelho; ela é, antes, inspirada por preconceitos filosóficos, ou seja, pela afirmação gratuita de que não pode haver intervenções extraordinárias de Deus na história dos homens.
A respeito da autenticidade dos milagres do Evangelho, já foram publicados artigos em PR 110/1969, pp. 54-67; 111/1969, pp. 110-114.
Importa aqui frisar que os milagres de Jesus no Evangelho fazem corpo com as palavras e os discursos do Mestre, de sorte que quem nega a autenticidade dos milagres se vê, de certo modo, na impossibilidade de entender as palavras mesmas de Cristo. Três exemplos sejam citados:
a) Mt 11,2-6: João Batista encarcerado envia alguns discípulos para perguntar a Jesus se era realmente o enviado prometido por Deus ou se deveria esperar outro; Jesus respondeu referindo as curas de cegos, paralíticos, leprosos, surdos e as ressurreições de mortos que Ele realizava. - Esta passagem é tida como muito antiga na tradição oral dos Evangelhos.
b) Mt 11, 20-24: Jesus censurou as cidades da Galiléia (Corozaím, Betsaida, Cafarnaum) por terem ficado insensíveis aos apelos de Jesus à penitência, apesar das manifestações de poder (dynámeis = portentos) que o Mestre lhes tinha apresentado. - Passagem igualmente muito antiga.
c) Mc 3,22-30. Os fariseus acusaram Jesus de expulsar demônios mediante Beelzebul. Atestavam assim que Jesus realizava feitos extraordinários. Jesus, em sua resposta, não negou tais obras, mas apenas cuidou de mostrar que inconsistente ou vã era a explicação dada pelos fariseus.
4) O principal dos portentos de Jesus foi a sua ressurreição dentre os mortos, cuja autenticidade histórica tem sido particularmente impugnada pela crítica liberal em virtude de preconceitos. Um exame tranqüilo do assunto pode levar à aceitação segura do fato da ressurreição, como foi evidenciado em PR 93/1967, pp. 381; 112/1969, pp. 148-159.
Merece atenção a seguinte reflexão sobre o binômio «palavras-milagres» na vida de Jesus:
"Em Jesus, Deus não se contentou com dizer-nos, por palavras, que nos ama. Em Jesus, a Palavra de Deus se fez carne e sangue. Em conseqüência, também o corpo de Jesus - e não somente a sua linguagem - é portador de amor e de revelação. Deus não se contentou com falar para que o homem ouça, mas também quis manifestar-se visivelmente para que o homem veja...
As narrações de milagres nos dizem precisamente que o encontro de Deus com o homem - e do homem com Deus - não se dá apenas na interioridade do coração e da mente, mas em toda a nossa existência corporal. E, dado que a nossa corporeidade nos vincula com o mundo, o encontro de Deus com o homem leva em conta também o fato de que nos encontramos no mundo. A revelação de Deus ocorre não somente por palavras, mas também por feitos: os feitos contingentes da vida de Jesus" ("Selecciones de Teologia" n° 33, 1970, p. 94; condensação do artigo de Franz Kamphaus, "Die Wunderberichte der Evangelien", em "Bibel und Leben" 6 [1965] pp. 122-135).
Em conclusão deste exame de textos do Evangelho, verifica-se que Jesus teve consciência de ser mais do que um homem,... de estar relacionado com Deus de maneira singular; mais ainda:... de ser igual ao próprio Deus. Ele afirmou esta sua consciência perante os juizes que o acusavam e, por causa disto, foi condenado à morte.
Pode-se, porém, perguntar: Jesus não era um doente, paranóico, obcecado por uma idéia fixa, de modo que sua auto-afirmação não passa de expressão psicopatológica? Ou, caso Jesus tenha sido sadio, não foi um impostor, fraudulento e ilusionista?
É a estas perguntas que vamos responder a seguir.
Distinguiremos o aspecto psicofísico e o aspecto moral da figura de Jesus.
3.1. Perfil psicofísico
a) Os estudiosos, após atenta leitura do Evangelho, costumam concluir que Jesus devia ser fisicamente robusto, dotado de saúde vigorosa.
Durante três anos levou vida intensamente movimentada, caminhando de uma cidade para outra, exposto a todas as intempéries. Enquanto as aves do céu tinham seus ninhos e as raposas as suas tocas, Jesus não tinha, onde repousar a cabeça (cf. Mt 8,20). Aos seus discípulos deu o conselho: «Não leveis coisa alguma para o caminho, nem bordão, nem mochila, nem pão, nem dinheiro» (Lc 9,3). Iniciava cedo as suas jornadas (cf. Lc 6,13) e às vezes nem sequer tinha tempo para comer, cercado como estava pelas multidões (cf. Mc 3,20). Finda a jornada, acontecia que se retirasse para a solidão e passasse a noite em oração (cf. Lc 6,12; Mt 14,23).
Em seus padecimentos finais, Jesus deu a suprema prova de sua fortaleza física e psíquica, demonstrando perfeito domínio sobre os nervos, de tal modo que o centurião, estupefeito, exclamou: «Verdadeiramente este homem era Filho de Deus» (Mt 27, 54). Observa sabiamente Karl Adam: «Qualquer temperamento doente ou simplesmente delicado, teria cedido ou sucumbido. Nunca em lugar nenhum Jesus se retirou, nem mesmo nas situações mais enervantes e perigosas. Ele dorme tranqüilo, repousando sobre o seu travesseiro, em meio à tempestade que agita o lago de Tiberíade; quando os discípulos O despertam, logo vencendo o sono profundo, Jesus toma consciência da situação e a domina. Tudo isto mostra quão longe estava de ter um temperamento excitável, nervoso; ao contrário, era sempre senhor dos seus sentidos. Numa palavra, era inteiramente sadio» (Karl Adam, «Gesù il Cristo». Brescia 1954, p. 88).
A respeito de muitos místicos se refere que tiveram êxtases e arrebatamentos, que os tornavam insensíveis ao mundo visível. Quanto a Jesus, não se sabe que tenha passado por êxtases ou transes que lhe tirassem o domínio das faculdades sensitivas. Em sua linguagem - que nada tinha de pomposo ou esotérico - Ele recorria às imagens do mundo que o cercava: as flores do campo, as aves do céu, as crianças que brincavam nas praças públicas, os pescadores que puxavam as redes e faziam a triagem dos peixes, a mulher que varre a casa, a festa nupcial, o angariamento de trabalhadores para a vinha, o administrador que trapaça, o semeador e a sementeira nos campos, a videira e os ramos...
b) No plano psicológico, Jesus revelou inteligência ampla e perspicaz. Em cada situação, sabia de pronto apreender o essencial, sem perder de vista os particulares. Assim, por exemplo, dizia: «Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder a sua vida? Ou que dará um homem em troca de sua, vida?» (Mt 16,26).
A conquista da vida é necessário subordinar tudo: «Se o teu olho direito é para ti causa de queda, arranca-o e lança-o longe de ti, porque te é preferível perder um só dos teus membros a que o teu corpo todo seja lançado na geena» (Mt 5,29).
Principalmente nas altercações com os judeus, sempre dispostos a insídias, manifesta-se a agudez de espírito de Jesus. Assim diante da questão do imposto a ser pago a César, responde: «Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus» (Mt 22,21).
Por mais astutos que fossem, os adversários jamais conseguiram arrancar de Jesus uma palavra comprometedora.
No momentos de tribulação ou de glória é que uma personalidade tem mais ocasião de se manifestar: pode então facilmente perder o senso da realidade ou superestimar-se. Jesus, porém, jamais se deixou dominar pelos acontecimentos. Depois da multiplicação dos pães, quando viu que o povo se dispunha a aclamá-lo rei, fugiu a sós para uma montanha (cf. Jo 6,15). Em vez de desfrutar a popularidade que os seus milagres lhe angariavam, Jesus impunha silêncio às pessoas que ele beneficiava (cf. Mc 1,43s; 3,11; 7,36; 8,26).
A vontade de Jesus era resoluta e inabalavelmente firme em demanda de suas metas. Assim as primeiras palavras que o Evangelho refere de Jesus, com doze anos de idade, patenteiam essa decisão de vontade frente àqueles que o procuravam: «Não sabíeis que devo ocupar-me com as coisas de meu pai?» (Lc 2,49).
Continuamente repetia Jesus: «Vim para... Não vim para... » (cf. Mc 10,45; Le 5,32; 12,49; 19,10; Jo 3,15; 10,10; 18,37...) . Tinha consciência de que o Pai o enviara à terra para salvar o mundo mediante sua paixão e ressurreição. Jesus não o esquecia por um momento. Mais de uma vez, os discípulos quiseram dissuadi-lo de tal obra; Jesus, porém, sempre superou os obstáculos com a sua vontade tenaz, chegando a censurar severamente a Pedro por não compreender os desígnios de Deus; cf. Mc 8,32s; Jo 11,8-10; 18,11.
Depois de anunciar o pão da vida, Cristo viu que muitos ouvintes, julgando demasiado duras as suas palavras, se afastaram do Mestre. Voltou-se então para os doze discípulos que ainda ficavam e perguntou-lhes: «Quereis vós também retirar-vos?» (Jo 6,68). Jesus colocava claramente a opção diante de seus Apóstolos sem desdizer ás palavras que havia anteriormente pronunciado.
O derradeiro assalto contra a vontade de Jesus proveio da própria natureza sensível do Mestre. Na noite de sua paixão, foi acometido de tristeza mortal; pressentia a tempestade que se aproximava, e começou a ter medo e angustiar-se (único caso em que o Evangelho assinala tais sentimentos em Jesus; cf. Mc 14,33). Todavia mesmo então Cristo soube manter-se na atitude devida: «Pai, não se faça o que eu quero, mas o que tu queres!» (Mc 14,36). Jesus não foi um apático e insensível, mas teve a firmeza necessária para subordinar seus sentimentos e emoções à realização de sua missão.
Não é fácil a um herói compreender as fraquezas alheias, Mas também nesse setor Jesus deu provas de equilíbrio surpreendente. Como norma geral, ensinou aos seus discípulos que não julgassem o próximo (cf. Mt 7,1). A Pedro que perguntava quantas vezes deveria perdoar, respondeu: «Setenta vezes sete» (Mt 18,22), isto é, um sem número de vezes. Aos Apóstolos que queriam fazer descer fogo sobre as cidades incrédulas, replicou: «Não sabeis de que espírito sois» (Le 9,55).
Jesus era particularmente compreensivo para com os pecadores. É conhecido o episódio da mulher adúltera que os fariseus queriam apedrejar. Sem derrogar à lei que mandava realmente punir tal mulher, disse então muito sabiamente: «Aquele de vós que não tem pecado, lance a primeira pedra» (Jo 8,8). Eles então foram-se retirando um por um; a sós diante da mulher disse o Senhor: «Mulher, onde estão os que te acusavam? Ninguém te condenou? - Ninguém, Senhor. - Nem eu te condenarei; vai e não peques mais» (Jo 8,11).
Jesus foi igualmente benigno para com a mulher infame que penetrou na casa do fariseu Simão. Em contraste com este, que, por julgar-se justo, condenava interiormente a mulher e Jesus, declarou o Senhor: «A quem muito ama, muito se perdoa»; e, voltando-se para a mulher, disse: «A tua fé te salvou; vai-te em paz» (Lc 7,36-50).
O amor aos pecadores sugeriu a Jesus as parábolas mais belas de sua pregação: a do filho pródigo (Lc 15,11-32), a da ovelha desgarrada (Lc 15,4-7) e a da moeda perdida
(Lc 15,8-10).
Pergunta-se agora: esse homem de inteligência extremamente perspicaz, vontade férrea e extremada compreensão humana, terá levado uma vida íntegra? Não terá sido um impostor?
É o que passamos a considerar.
3.2. Perfil moral
Durante três anos Jesus percorreu a Palestina, falando em público, espreitado por seus adversários, que se sentiam importunados pelo comportamento sincero e leal do Mestre. Mais de uma vez prepararam-lhe armadilhas, a fim de poder acusá-lo diante do povo judeu e das autoridades romanas. Quando finalmente conseguiram prende-lo e levá-lo aos tribunais de Anás e Caifás, não puderam apresentar acusações definidas contra Ele; levantaram-se falsas testemunhas cujos depoimentos não eram concordes entre si (cf. Mc 14,56). Jesus pôde mesmo desconcertar os seus juizes quando respondeu a Anás: «Falei publicamente ao mundo. Ensinei na sinagoga e no templo onde se reúnem os judeus, e nada disse às ocultas. Por que me interrogas? Interroga aqueles que ouviram o que lhes, disse Eles sabem o que ensinei» (Jo 18,20-22). Ninguém então replicou coisa alguma, mas um dos guardas, tomando a defesa do Pontífice, deu uma bofetada
Pilatos mais de uma vez quis declarar Jesus inocente. Só o entregou por medo de ser considerado inimigo de César.
A santidade de Jesus é fato único na história. Somente Ele pôde, de cabeça erguida, desafiar os seus adversários, interrogando: «Quem de vós pode acusar-me de pecado?»
(Jo 8,46). - Em sua sabedoria, os filósofos greco-romanos afirmavam sinceramente a impossibilidade de não pecar. Assim escrevia Epicteto (120/130 d. C.): «Não pecar é impossível. Apenas nos é dado esforçar-nos continuamente por não pecar. E, se conseguimos evitar ao menos alguns pecados, já conseguimos muita coisa» (Dissert. IV 12). Seneca (t 65 d. C. ), por sua vez, observava: «Todos temos pecado, uns mais gravemente, outros menos gravemente... Não somente temos pecado, mas pecaremos até o fim. Mesmo aqueles que venham a purificar a sua alma de modo que nada os perturbe ou seduza, só chegam a tal inocência depois de ter pecado» («De clementia» I 6). O gramático Libânio († 394 d. C.) afirmava que «não pecar é próprio de Deus só» (epist. 1554).
O próprio povo de Israel, visitado pela Palavra de Deus mediante sábios e profetas, nutria semelhante consciência: «Não há homem que não peque», dizia Salomão ao Senhor (cf. 1 Rs 8,46). E o sábio acrescentava em Prov 20,9: «Quem pode dizer: `Meu coração está puro; estou limpo de pecado'?»
É sobre tão amplo fundo de cena que se deve entender o desafio de Jesus aos seus inimigos: «Quem de vós pode acusar-me de pecado?» (Jo 8,46).
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4. Conclusão
Para medir a estatura de um homem, não há padrão mais seguro do que o da história. Quantas pessoas e obras grandes, que pareciam ter envergadura para desafiar os séculos, não vieram a cair no esquecimento?! Quantas ilusões não se dissiparam sob os golpes do tempo! Quantas mensagens apresentadas como mais firmes do que o bronze («aere perenniora») conseguiram sobreviver aos seus arautos?! «Securus iudicat orbis terrarum. - O orbe profere o seu juízo seguro».
Ora em relação a Jesus o veredicto da história foi inteiramente positivo. Pode-se mesmo notar aí algo de único na sucessão dos fatos humanos: a figura de Jesus tornou-se o centro da história; ela divide o tempo em duas seções: antes e depois de Cristo. Nem Buda, nem Confúcio, nem Maomé, nem algum outro líder espiritual ou político obteve tal laudo. Verdade é que os maometanos contam os anos a partir da Hégira (622 d. C.); trata-se, porém, de uma praxe isolada e restrita; o mundo inteiro aceita - ao menos nas relações internacionais e oficiais - o nascimento de Cristo como ponto central da história.
Passando desta verificação de índole histórica para a consideração do impacto que a mensagem de Jesus exerceu sobre as consciências humanas, registramos um efeito geral sem termos de comparação. Em PR 111/1969, pp. 126-137, foi publicado um artigo sobre a revolução moral e social que o Cristianismo provocou em prol da humanidade.
Surge então oportunamente a pergunta: Seria possível que aquele que de tal modo transformou a face da terra e o íntimo dos homens tenha sido um iludido e um ilusor ou impostor? - A história conheceu, sem dúvida, muitos impostores. Mas quantos sobreviveram à sua impostura?! Nietzsche julgou ser o profeta de nova era, apresentando-se como o carrasco de Deus e o Anticristo; foi vítima, porém, de sua ilusão, pois terminou os dias em uma casa de alienados. Ao contrário, é inegável o fato de que as idéias que poderiam ser as ilusões de Cristo, o produto de mente doentia, se transmitiram aos pósteros e tomaram vulto concreto através dos séculos. Jesus quis ser amado mais do que qualquer outro ente caro no mundo: mais do que genitores, consortes ou filhos. E esta sua reivindicação encontrou eco em milhões de corações. Quantos jovens, homens e mulheres, em vinte séculos de história deixaram os pais, renunciaram a constituir família para amar a Jesus, de maneira indivisa e total?! Centenas de milhares de mártires preferiram a morte à vida vivida sob o marco da traição a Jesus. Doutro lado, pode-se lembrar que muitos e muitos perseguiram a Cristo no decorrer dos séculos. O amor e o ódio são os mais veementes afetos humanos; Jesus foi objeto deles como nenhum outro herói. Isto significa que a história levou Jesus a sério. Ora a história não leva a sério nem os iludidos nem os ilusores (impostores).
Bibliografia
X. Léon-Dufour, "Los Evangelios y
J. Jeremias, "Le problème historique de Jésus-Christ". Paris 1968.
Idem, "El mensaje central del Nuevo Testamento". Salamanca 1966.
W. Trilling, "Jésus devant l'histoire". Paris 1968.
I. de
les Evangiles synoptiques". Gemblou-Paris 1967.
J. Michi, "Le problème de Jésus. De Jésus de l'histoire au Christ de la foi". Mulhouse 1968.
Rio de Janeiro 1963.
P.-R. Bernard, “Le mystère de Jésus. La persone du Christ à
Travers les quatre Évanglies”. Mulhouse 1961.
D. Grasso, “Il problema di Cristo”. Assisi 1965.
NOTA:
[1] Continuação do artigo de PR 152/1972, pp. 343-358.
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