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segunda-feira, 16 de abril de 2007

Homem: que é o homem?

(Revista Pergunte e Responderemos, PR 347/1991)

Em síntese: O homem não é um anjo encarnado por castigo de faltas passadas nem é apenas carne e osso (ou matéria), mas é um ser corpóreo animado por um princípio vital incorpóreo ou espiritual. A espiritualidade do homem ou a sua transcendência em relação à matéria evidencia-se, se se leva em conta, entre outras coisas, a capacidade de pensar ou raciocinar do homem: este concebe noções abstratas, universais; prescinde das notas con­tingentes, concretas, de cada ser para apreender o essencial e formular defi­nições; é também capaz de conceber a noção de Deus, eternidade, espiritua­lidade, noções que nada têm de material. Ora essa atividade imaterial supõe um princípio vital imaterial ou a alma humana espiritual.

O fato de que o homem precisa do cérebro para pensar, não quer dizer que o cérebro seja a sede do pensamento; o cérebro é apenas o instru­mento do qual se serve o intelecto humano para conceber noções universais. A importância do cérebro está no fato de que para o cérebro convergem os nervos sensitivos, de modo que naquele órgão se forma a imagem completa captada parcialmente pela visão, pela audição, pelo olfato, pelo paladar e pelo tato. Essa imagem elaborada no cérebro é transmitida para o intelecto, que da mesma deduz as notas essenciais, abstraindo das acidentais. Isto explica que, quando o cérebro está lesado, o intelecto não funcione bem ou mesmo não funcione, dando a impressão de que o cérebro é a sede do pensar.

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A questão da identidade do ser humano é básica e decisiva para se conceber a solução de outras questões, como a da ecologia e a da genética. Com efeito; se o homem é apenas um animal aperfeiçoado, "mais inteligen­te" do que o chimpanzé, não se entenderá por que mereça maior respeito do que os demais animais ou por que estes devam morrer para servir ao ho­mem, alimentando-o e trabalhando para ele. Também não se entenderá por que não utilizar embriões e fetos humanos, como se utilizam os demais ani­mais para curar doenças de adultos; não se entenderá por que impedir o comércio de crianças latino-americanas levadas para os Estados Unidos e a Europa, a fim de possibilitar transplantes de células ou órgãos (após os quais essas crianças são assassinadas e eliminadas).

Se, porém, o homem é mais do que um animal aperfeiçoado, se se distingue dos outros viventes não somente por ter em grau maior as perfei­ções destes, em suma se no homem existe algo que o diferencia essencial­mente dos demais seres visíveis, compreende-se que não possa ser tratado como os demais viventes. Se no homem existe uma alma (principio vital) imaterial, transcendente em relação à matéria, embora o homem esteja sujeito às leis biológicas, é claro que há de merecer um tratamento especial ou um respeito singular.

Ora é precisamente a questão da essência do ser humano que vamos considerar neste artigo, começando por percorrer a história do problema.

1. No curso da história

A questão da identidade do homem é muito antiga. Em suas primei­ras expressões aparece mesclada de mitologia fantasiosa: assim, na Grécia, para os órficos, o homem provinha das cinzas dos Titãs, fulminados por Júpiter porque tinham assassinado e devorado o deus-menino Dionísio Zagreu; o homem, portanto, possuía um elemento titânico (o corpo), do qual se derivava o Mal, e um elemento dionisíaco (a alma), da qual provinha o Bem. A alma estaria no corpo como o prisioneiro no cárcere. Assim teve origem a concepção dualista do homem, que foi adotada por escolas filo­sóficas posteriores.

1.1. O dualismo

O Platonismo, a partir do século V a.C., concebe o homem como um composto de corpo (matéria má) e alma (espírito imortal, divino). A união desses dois princípios antagônicos se deve a uma queda ou culpa da alma. Esta se acha no corpo para purificar-se de faltas pretéritas; caso não o faça numa existência única, terá de reencarnar-se. O corpo é cárcere ou também sepulcro. A morte é libertação; a verdadeira filosofia consiste em preparar-se para essa libertação ou para a morte, fugindo de tudo o que é corpóreo ou material.

Também para Empêdocles (+ 430 a.C.) o homem é um "deus incor­ruptível", cuja alma incriada e divina caiu neste mundo de sofrimento, reves­tindo-se de um corpo. Está destinada a reencarnar-se até conseguir a total purificação.

Os pitagóricos também professavam o dualismo e a reencarnação.

O Neoplatonismo, com Plotino (+270 d.C.) à frente, retomou essas idéias, professadas também pelos Gnósticos (corrente sincretista dos séculos II/III d.C.) e, mais tarde, por humanistas do século XVI, de tendências neo­platônicas.

No Oriente, o dualismo é muito freqüente, suscitando o desprezo pelo corpo e a matéria a fim de que o homem se livre do ciclo das reencarnações e atinja a sua bem-aventurança definitiva.

O espiritismo de Allan Kardec é no Brasil uma das formas mais popu­lares de reencarnacionismo, que supõe ser o homem um espírito acidental­mente unido ao corpo e tendente a desencarnar-se uma vez por todas.

1.2. O Monismo

O Monismo (de monos = um) professa a não composição do homem ou a unicidade da substância que o integra. Assume formas diversas.

a) Os atomistas Demócrito (460-370 a.C.) e Leucipo (séc. V a.C.)

Para estes pensadores, o homem consta de matéria apenas ou de multi­plicidade de átomos materiais, dos quais alguns, mais pesados, formam o corpo, enquanto outros, mais leves e sutis, formam a alma. Os átomos da alma se intercalam entre os do corpo. Tal combinação de átomos se deve ao acaso. Quando o corpo se deteriora, os átomos da alma se dispersam e en­tram no turbilhão da circulação dos átomos no "vazio infinito".

Épicuro (+ 270 a.C.) aderiu a tal concepção. Escrevia em sua carta a Heródoto:

“A alma é uma substância corpórea composta de partículas sutis, di­fundidas pelo organismo inteiro; assemelha-se a um fluido gasoso misturado com calor... Quando o organismo inteiro se dissolve, a alma se dispersa.. . Não há nada de incorpóreo a não ser o vazio, que não pode ser nem ativo nem passivo, mas apenas possibilita aos corpos mover-se através dele. Por isto aqueles que afirmam que a alma é incorpórea, não sabem o que dizem, porque, se fosse incorpórea, não poderia ser nem ativa nem passiva; ora não se pode conceber a alma sem estas qualidades".

Lucrécio (+ 95 a.C.) também julgava que a alma é uma substância corpórea, sujeita à dissolução e, por conseguinte, mortal (De rerum natura III 11.543).

Os estóicos, nos séculos II/I a.C. e depois, abraçaram semelhantes idéias.

b) Concepções modernas

No mundo moderno os materialistas professam tais concepções, desde Pomponazzi

(+ 1525) até Hobbes (+ 1679), os marxistas e os positivistas dos séculos XIX e XX. Moleschott (+ 1893), por exemplo, afirmava que "sem fosfato não há pensamento". Outros sustentam que o pensamento e a consciência são "epifenômenos" ou fenômenos causados pela única ativi­dade real do homem, que é a atividade orgânica e fisiológica; por conseguin­te, o pensar também é uma atividade orgânica. Se não fosse orgânico, a ciên­cia não o poderia nem conhecer nem imaginar; "alma espiritual" é portanto algo de irreal e fantástico: "Se faço a análise química do corpo humano, não encontro a alma", dizia Moleschott. . . Daí a conclusão dos materialistas em geral: existe tão somente a matéria e tudo o que ocorre é efeito da matéria, portanto é material.

2. Que pensar?

Tanto o dualismo (antagonismo ontológico entre corpo e alma)[1] quan­to o monismo materialista são inaceitáveis, pois não dão conta da realidade do homem.

O dualismo ressalva, sim, a espiritualidade da alma, explicando a exis­tência, no homem, de inteligência, vontade livre, consciência moral e religio­sa... Mas não explica a unidade substancial que há entre corpo e alma; e não somente não a explica, mas a rejeita, admitindo no ser humano uma divisão, que é contraditada pela experiência. Ademais é filosoficamente errôneo dizer que haja uma substância por si ou ontologicamente má; todo ser é ontologicamente bom, embora possa declinar para comportamentos moralmente maus, decorrentes da falibilidade própria de toda e qualquer criatura.[2]

O monismo, por sua vez, não explica a realidade humana. Esta é dota­da de expressões (pensamento, amor, liberdade, linguagem...) que não se encontram em nenhum outro animal e que estão fora das potencialidades da matéria. Há uma diferença essencial, e não apenas quantitativa ou quali­tativa, entre o homem e os demais viventes materiais.

Deve-se, pois, dizer que no homem existem, sim, matéria (corpo) e espírito (alma), não, porém, em antagonismo ontológico (o homem não é um anjo encarnado por castigo ou encarcerado na matéria), mas em união natural. Tal é a doutrina que a filosofia de Aristóteles esboçou e o pensa­mento de S. Tomás de Aquino (+ 1274) elaborou plenamente. Procuremos explaná-la.

3. A concepção aristotélico-tomista

À guisa de preliminar, notemos a diferença entre ser animado e ser inanimado.

3.1. Que é a vida?

Ninguém até hoje conseguiu definir a vida. Apenas pode ela ser descri­ta mediante as suas atividades.

Ora notamos que todo vivente corpóreo consta de elementos químicos (H, O, C, Fe, Ca...), que não funcionam independentemente uns dos ou­tros, mas são reduzidos à unidade mediante um princípio que os penetra. Estão estruturados e organizados de modo a formar um todo, um "organis­mo", que tem seu modelo exemplar, sua finalidade, seus instintos de conser­vação e de restauração (quando lesado). O princípio que faz de tantos ele­mentos um organismo, é chamado "princípio vital" ou "alma". Esta perma­nece e dá identidade ao conjunto, ao passo que os elementos materiais desse organismo estão sempre a se renovar (no homem, de sete em sete anos); é por ter a mesma alma ou o mesmo princípio vital que um homem de quaren­ta anos é o mesmo que o menino de dez anos, embora já não existam as célu­las do seu organismo de dez anos de idade.

Estas observações permitem diferenciar nitidamente um vivente e uma máquina. O vivente se autoconstrói segundo um protótipo ou segundo "in­formações" que não lhe vêm de fora, mas lhe são imanentes. Assimila os elementos de fora que lhe são úteis, e elimina os que não lhe servem, conser­vando, porém, a estrutura do organismo. O vivente se recompõe ou regenera quando ferido, de modo a conservar sua identidade. Isto tudo acontece por efeito do princípio vital respectivo ou da alma.

Ao contrário, a máquina não é capaz de se autoconstruir, organizar e regenerar. Ela tem, sim, um "programa" ou "informações", mas estas lhe vêm de fora; não têm seu princípio na própria máquina, mas na mente do engenheiro que a concebeu com o seu programa. Mesmo as máquinas ditas "inteligentes" têm seu programa incutido pelo programador e em nada se podem afastar da programação recebida, mesmo quando é falha. Donde se vê que qualquer teoria mecanicista, reduzindo o homem a máquina aperfei­çoada, é errônea.[3]

O homem, como todo vivente, possui um princípio vital ou uma alma. Perguntamos, porém: em que difere a alma humana da alma dos demais vi­ventes corpóreos?

3.2. A alma humana

Observamos que no ser humano existem as funções típicas de todo vi­vente, ou seja,

- atividades vegetativas: nutre-se, cresce, multiplica-se;

- atividades sensitivas: enxerga, ouve, sente, imagina fantasiosamente, recorda-se...

Além disto, porém, verificam-se no homem comportamentos exclusi­vamente humanos, que não se encontram em nenhum outro vivente: com efeito, só o homem raciocina, tem consciência de si ou reflete sobre si mes­mo, ama, concebe um ideal de vida, possui liberdade de arbítrio, exprime-se em linguagem articulada... Só o homem pode dizer Eu.

Mais ainda: apenas o ser humano é dotado de senso artístico, consciência moral e dimensão reli­giosa (só o homem sepulta seus mortos, expressando assim a crença na so­brovivência dos "defuntos" num mundo transcendental ou divino).

Ora, examinando de perto estas funções típicas do homem, verifica­mos que não são materiais, não são limitadas pela matéria, mas transcendem a matéria, embora se exerçam mediante órgãos materiais; são "espirituais". Com efeito; consideremos, por exemplo, o pensar ou raciocinar, comparan­do-o com o sentir (ver, ouvir, apalpar, cheirar, degustar...), ... sentir que é comum ao homem e ao animal inferior. O sentir é sempre a apreensão de coisas materiais e concretas, individuais; vejo "esta" árvore, ouço "esta" música, apalpo "esta" mesa. . . , sempre objetos materiais, quantitativos e concretos. Não sou capaz de ver Deus nem de ouvir a bondade, como tam­bém não sou capaz de ver "a" árvore (em geral), de ouvir "a" música (em geral).

Ao contrário, com a inteligência penso Deus, penso a bondade, penso a árvore e a música em geral. Com outras palavras: mediante os olhos vejo muitas árvores particulares, diferentes umas das outras, mas com a inteligên­cia sou capaz de abstrair das diferenças das árvores particulares e de conce­ber a noção de árvore, aplicável a todas as árvores (grandes e pequenas, ver­des ou amarelas). O pensar atinge realidades imateriais, que as sensações não atingem; com efeito, ninguém capta com os sentidos a bondade, a justiça, o amor, mas o homem é capaz de definir o que é a justiça, a bondade, o amor, o justo e o injusto, o belo e o feio, o bem e o mal. O homem é capaz de pen­sar Deus, embora os sentidos não o atinjam. Ainda em outros termos: o sen­tir está ligado a elementos concretos e materiais, ao passo que o pensar for­mula conceitos universais, que não existem na natureza material. Disto se conclui que a atividade sensitiva, limitada à matéria, é a expressão de órgãos corpóreos ou da materialidade humana; ao contrário, a atividade intelectiva (que ultrapassa a matéria ou o concreto e individual para conceber o genéri­co e abstrato), procede de faculdades imateriais ou espirituais existentes no homem. É claro, porém, que, para pensar, devemos partir de realidades ma­teriais; estas nos entram pelos sentidos, mas são elaboradas pela inteligência, que abstrai das nota; individuais desta árvore, deste cão, e forma o conceito universal, essencial de árvore, de cão... Pela inteligência, posso responder à pergunta: "Que é uma árvore?" Direi que não é o tamanho do tronco nem a cor das folhas nem a profundidade das raízes que define a árvore, mas o fato de ser um vivente vegetal que realiza certas funções típicas.

Em conclusão: se o pensar transcende a matéria, a faculdade de pensar ou a inteligência deve logicamente também transcender a matéria, pois o agir e o ser são correlativos entre si; portanto, o agir imaterial supõe o ser imate­rial ou supõe um princípio de ação (uma alma) imaterial. Assim chegamos a definir o princípio vital que anima o homem: é uma alma imaterial ou espi­ritual, que vivifica o corpo preenchendo todas as suas funções vitais: tanto as orgânicas - vegetativas e sensitivas - quanto as anorgânicas - o pensar, o amar ou o querer decorrente do pensar.[4]

3.3. Uma objeção

Levanta-se, porém, uma objeção: o homem não pode pensar sem cére­bro; quando este é lesado por uma doença ou golpe, o raciocínio também é lesado ou interrompido; donde parece seguir-se que a sede do pensamento é o cérebro, órgão material, e não uma faculdade espiritual.

Respondemos: a argumentação até aqui proposta permanece válida. Sim; a atividade intelectiva, ultrapassando os limites do material e concre­to, há de proceder de uma faculdade imaterial (inteligência espiritual). Toda­via a inteligência precisa dos dados fornecidos pelos sentidos externos (visão, audição, olfato...) através do cérebro;[5] este é a "central telefônica" onde vão terminar os filetes nervosos de cada um dos sentidos externos. É no cé­rebro que se faz a associação de cor, som, odor, gosto, dureza, temperatura; formam-se aí as imagens completas dos objetos apreendidos. São essas ima­gens que passam para o intelecto,[6] onde são dissecadas, a fim de se formular um conceito universal ou se definir a respectiva essência.

A propósito se afirma que o intelecto "intus legit" ou lê dentro; per­cebe aquilo que faz uma árvore ser árvore e não pedra (não são o tamanho nem o peso nem a cor, nem o formato que diferenciam a árvore da pedra, mas é a essência).

Entende-se, pois, que, quando o cérebro está lesado, o intelecto não recebe as imagens concretas de que necessita para raciocinar; por conse­guinte, não raciocina; o indivíduo parece ter perdido a inteligência, quando na verdade não a perdeu; esta continua existindo na pessoa, mas não tem como se manifestar ou, ao menos, como se manifestar correta e autentica­mente, porque o seu instrumento indispensável (o cérebro) está lesado.[7]

Resta, pois, de pé a afirmação de que, no ser humano, existe, além da corporeidade, um principio que anima essa matéria e que, por suas manifes­tações vitais, transcende o plano material; por conseguinte, é imaterial ou espiritual. É este fato que fundamenta a dignidade única do homem e não permite seja tratado como os animais irracionais; estes não são mais do que matéria... , matéria viva, sim, mas vivificada por um principio vital mate­rial, não espiritual. Esta realidade do homem, às vezes imponderável porque o homem está imerso no mundo material, há de ser ressalvada tanto em nome da fé cristã como em nome da sã razão.

Eis, porém, que se coloca a pergunta: será que os animais inferiores ao homem não são também inteligentes, de tal modo que entre o homem e o macaco não há diferença essencial, mas apenas diferença gradativa?

A esta questão será dedicado o artigo seguinte.

Na confecção destas páginas muito nos valemos do artigo-editorial "Che cosa è l'uomo? Il pensiero l'intelligenza e il cervello", de La Civiltà Cattolica, n° 3357,05/05/1990, pp. 209-220.

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NOTA:

[1] Distinguimos entre dualismo e dualidade. Aquele, opondo entre si matéria (corpo) e espírito (alma) como substâncias ontologicamente antagônicas, fere os princípios da sã razão e da fé. - A dualidade distingue, mas não contrapõe matéria e espírito; ao contrário, afirma que são complementares entre si, associando-se harmoniosamente.

[2] Sabemos que esta linguagem é técnica, talvez estranha a muitos leitores. Mas esta consideração metafísica não é essencial à compreensão do que esta­mos expondo.

[3] Entre os autores desta concepção, citam-se René Descartes (+ 1650); De La Mettrie, que escreveu a obra "O homem-máquina" (1751); Taine (+ 1893), que afirmava: "O cérebro secreta o pensamento como o fígado secreta a bilis”

[4] A alma humana ou o princípio vital é um só em cada vivente.

Nos seres vegetativos (plantas) e sensitivos (animais irracionais) o principio vital ou a alma é dita respectivamente vegetativa ou sensitiva; preenche todas as funções vitais do respectivo organismo. A alma, no plano dos vegetais e no dos animais irracionais, é sempre material; não transcende a matéria, pois as suas funções se limitam ao material e concreto.

No plano humano ou intelectivo, a alma é uma só em cada individuo; é espiritual, embora responda também pelas funções orgânicas (vegetativas e sensitivas) do respectivo individuo.

[5] Com razão já dizia Aristóteles (+ 322 aC.): "Nada há no intelecto que não tenha estado nos sentidos”

[6] Tomamos "intelecto" e "inteligência" como sinônimos neste contexto.

[7] A inteligência e a vontade são faculdades da alma humana.

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