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sábado, 17 de março de 2007

Aids: preservativo ou prevenção?

(Revista Pergunte e Responderemos, PR 373/1993)


Em síntese: O Arcebispo de Tolosa (França), Mons. André Collini, dirige-se às pessoas que não aceitam os princípios da Moral Católica (princípios que, aliás, não são, muitas vezes, senão os princípios da lei natural). Mostra-lhes que, já aos olhos do bom senso, o uso de preservativos é ineficaz para evitar o contágio de vírus malignos; além de não oferecer plena segurança de profilaxia, os preservativos cedo ou tarde deixam de ser utilizados pelos interessados, seja porque diminuem o prazer, seja porque, em ambientes alcoolizados e entregues a paixões violentas, tal cuidado parece despropositado ou inexeqüível. Mais: a Campanha em favor dos preservativos dá a entender que a promiscuidade e a plena liberdade em matéria de sexo são algo de aceitável, desde que se tomem cautelas "profiláticas”; ora esta conclusão é errônea não só aos olhos da fé, mas também aos olhos da própria razão.

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Vai, a seguir, traduzido um artigo de Mons. André Collini, arcebispo de Tolosa (Franca), publicado no Bulletin Diocésain de Toulouse (05/07)1992). Versa sobre o tema, muito atual também no Brasil, dos preservativos, indicados como profiláticos contra a AIDS. Como diz o texto se dirige principalmente aos jovens... e aos jovens que não pretendem observar as diretrizes da Moral Católica. Argumenta, pois, em nome da razão e do bom senso, prescindindo de razões de fé - o que se torna especialmente interessante para os cidadãos de um mundo secularizado.

O TEXTO

"Recentemente as autoridades governamentais e os meios de comunicações sociais lançaram de novo, e com grande vigor, uma campanha que pretende ser 'Campanha de Prevenção contra o Flagelo da AIDS'.

Notemos que essa Campanha se dirige prioritariamente aos jovens e às jovens que não vivem maritalmente de modo estável, ligados ou não por um contrato matrimonial. Notemos também, que o único meio proposto para impedir a expansão do flagelo é o uso do preservativo masculino.

As considerações que se seguem, situam-se neste quadro. Tencionam dirigir-se aos jovens, inclusive àqueles que não admitem, neste setor, as exigências da Moral da Igreja Católica. Lembremos, porém, para ser claros, que essas exigências são de dois tipos:

De um lado, a união sexual só tem seu pleno sentido humano na me­dida em que é inseparável do amor que liga um homem a uma mulher, de modo irreversível, excluindo qualquer outra relação sexual com outros parceiros; tal união há de ser aberta à fecundidade carnal e espiritual. Dou­tro lado, é gravemente culpada a pessoa que, para satisfazer aos seus im­pulsos ou ao seu desejo de prazer, põe em perigo a vida de um parceiro ou de um terceiro, negligenciando as precauções necessárias.

Após este lembrete, desejo propor algumas reflexões correspondentes às seguintes questões: uma Campanha de prevenção estruturada unicamen­te sobre o uso do preservativo masculino goza de plena garantia de eficá­cia? Não se pode crer que, ao contrário, ela multiplica os riscos que ela pretende combater?

Uma Campanha que chama a atenção da opinião pública apenas para tal recurso, é perigosa, principalmente se ela favorece a distribuição quase gratuita de preservativos nos lugares públicos e principalmente nos estabe­lecimentos escolares.

- Perigosa, primeiramente porque não é certo que tal meio preserve cem por cento e em todas as circunstâncias contra as infecções devidas aos vírus responsáveis pelas doenças sexualmente transmissíveis.

- Perigosa, principalmente porque tal Campanha difunde a idéia de que são normais as relações sexuais precoces e a 'vadiagem' sexual... como se tais comportamentos não tivessem conseqüências psicossomáticas sobre as Pessoas nem alguma influência sobre as estruturas fundamentais da so­ciedade. Seria bom que se desse atenção aos especialistas em ciências hu­manas que manifestam a propósito sérias reservas e advertências. Verdade e que sua voz não se faz ouvir facilmente nos meios de comunicação social.

Uma Campanha de tal tipo corre o risco de ter efeitos perversos. Con­vida o adolescente a passar à prática por curiosidade ou por receio de ser anormal'...

Uma vez dado o primeiro passo, os jovens relutam para usar preservativos. O uso deste diminui a intensidade do prazer. Numa ligação que pretende ser 'amorosa', o preservativo pode ser interpretado por um dos parceiros como falta de confiança ou como um reconhecimento mascarado de doença.

Por fim, o uso do preservativo torna-se praticamente impossível quando o encontro se realiza em circunstâncias que diminuem consciência ou a plena liberdade do ato: assim, no ambiente agitado de certas reuniões de jovens, em contexto alcoolizado ou simplesmente na concessão a impulsos imprevistos e não dominados.

Nessa tarefa, como em qualquer outra, não se pode simultaneamente favorecer o super-consumo e evitar os abusos.

Uma Campanha de prevenção, para ser eficaz e sem ambigüidades, não deve recear alertar contra os perigos de relações sexuais precoces com parceiros múltiplos. O melhor meio de lutar contra a AIDS é devolver à sexualidade humana toda a sua dignidade; dever-se-ia mesmo ousar lembrar que o autodomínio é um fator de liberdade, abre a via a um amor que não se reduz ao mero prazer, à paixão apenas e tão-somente à satisfação de dois egoísmos solitários, mas se orienta para a plena comunicação de duas pessoas.

Se estas reflexões não vos convencem, escutai ao menos a declaração de um dos melhores especialistas de AIDS, o Professor Luc Montagnier, feita ao jornal Le Monde:

'O poder político está mal situado nesta questão. Penso principalmente que a televisão poderia e deveria fazer muito mais em prol da prevenção. Creio também que deu ênfase demasiado unilateral ao papel dos preservativos masculinos. Eu desejaria ver Campanhas baseadas sobre o tema: Vós sois responsáveis:'.

Que advertência e que desafio!"

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Como dito, o texto tem o valor de mostrar não somente a inépcia, mas também as conseqüências desastrosas das Campanhas pró-preservativos, pois, em vez de coibir as doenças, fomentam as causas que as originam, ou seja, a promiscuidade sexual.

Verifica-se outrossim que o autor do artigo teve em mira particularmente os jovens desejosos de levar vida sexual precoce. É certo, porém, que as ponderações de Mons. Collini são válidas para todo tipo de relacionamento sexual alheio às normas da lei natural; por conseguinte, dirigem-se também a quem se entrega ao homossexualismo.

Possa afinal o bom senso calar fundo no ânimo dos interessados!

Estêvão Bettencourt O.S.B.

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