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sábado, 17 de março de 2007

Aids: sexo seguro?

(Revista Pergunte e Responderemos, PR 438/1996)


Em síntese: O Dr. Celso de Almeida Kundlatsch, CRM 9.501, em São Paulo, afirma que a camisinha é falha em 31% dos casos em que é aplicada. Para saber se alguém está ou não contaminado pelo HIV, é indispensável o exame de sangue anti-HIV, feito sob a orientação de um médico. A abstinência e a monogamia conjugal mutuamente fiel constitu­em a grande estratégia no combate à infecção aidética.

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Apregoa-se constantemente que os preservativos permitem sexo seguro. - O Dr. Celso de Almeida Kundlatsch, CRM 9.501, em São Paulo (SP), tem-se dedicado ao estudo de tal assunto - o que lhe fornece ele­mentos precisos para dissertar a respeito. A seguir, vai publicado um artigo desse benemérito pesquisador, que dissipa preconceitos e mal­entendidos relativos a tal questão. - A Direção de PR agradece a esse gentil colaborador mais esta valiosa contribuição científica.

HIV E PRESERVATIVOS

1. O vírus causador da Aids, o HIV, pode ser transmitido por três vias principais: pelo sangue contaminado, pela mãe doente para o filho, e por via sexual.

a) O sangue contaminado pode atingir as pessoas pela transfu­são de sangue total ou seus derivados e por instrumentais sujos com ele, que atravessem a nossa pele, com agulha de injeção, acupuntura, tatua­gem, alicate de unha etc.

b) A mãe doente pode transmitir o HIV através da placenta ou durante o parto ou pelo aleitamento.

c) O HIV pode ser transmitido pelo sexo oral, vaginal ou anal.

Qualquer pessoa contaminada pelo HIV pode passá-lo para o seu companheiro ou companheira sexual por qualquer dessas vias. Basta entrar em situação de risco. O vírus pode ser transmitido do homem infectado para a mulher, da mulher infectada para o homem, do homem infectado para outro homem ou da mulher infectada para outra mulher. Às vezes uma única relação sexual já é suficiente para a contaminação acontecer. Em outros casos são necessárias várias relações.

2. Considerando a importância da transmissão sexual do HIV na epidemia de Aids, as estratégias de prevenção se concentram em identi­ficar e promover práticas sexuais que sejam "de risco menor", como se diz. Como o nome indica, são consideradas "de risco menor" que outras práticas sexuais, pois há a evidência de que elas reduzem, mas não ne­cessariamente eliminam, o risco da transmissão sexual do HIV de um parceiro para outro.

"Sexo mais seguro" ou "menos arriscado" ou "de risco menor" são os termos para designar práticas sexuais que têm menor probabilidade de passar HIV (human immunodeficiency virus) de um parceiro sexual para outro, durante a atividade sexual.

O termo "sexo seguro" foi inicialmente usado para denominar es­sas práticas, mas as evidências indicam, já há algum tempo, que poucas práticas são completamente livres de risco. Portanto, "sexo mais segu­ro", "sexo menos arriscado" ou "sexo de risco menor" devem substituir o termo "sexo seguro", que alguns, erroneamente, teimam em usar. Na literatura internacional o termo "safe sex" foi substituído por "safer sex".

3. Para saber se uma pessoa está ou não contaminada pelo HIV é necessário o exame de sangue anti-H IV, feito sob a orientação de um médico.

Pela aparência não se pode saber se alguém não está contamina­do. Só porque o(a) parceiro(a) não leva jeito de ter HIV. Supergata sofis­ticada, garota de boa família, amiga de turma, colega de trabalho, nível social e cultural altos, porque ele ou ela tem carro importado e boas ma­neiras etc., não são garantias. É indispensável o exame de sangue. Não é possível fazer teste de Aids pelo olho.

Uma estratégia ampla de prevenção usa múltiplos recursos para proteger o maior número possível de pessoas sob risco.

A abstinência e a monogamia mutuamente fiel[1] são partes dessa estratégia.

As camisinhas claramente têm um papel central no "sexo de risco menor", para aqueles que não são mutuamente monógamos. Uma metanálise de diversos estudos sobre a transmissão sexual do HIV em heterossexuais concluiu que a eficácia da camisinha é em torno de 69%, muito abaixo do suposto. A proteção oferecida está diretamente relaci­onada com o uso correto do preservativo e a sua qualidade. Em média, em 31% dos casos, a camisinha não garante contra a Aids. Três relações com a camisinha têm o risco equivalente a uma relação sem camisinha. É muito.

Pessoas que fazem uso de tóxicos na veia ou têm múltiplos parcei­ros ou têm relação sexual com estas pessoas, são de alto risco. Cautela.

4. Os exames de sangue normalmente usados detectam os anticorpos que o organismo produz contra o HIV. Para a produção dos anticorpos, são necessários de dois a três meses. Em casos raros leva um pouco mais.

Para ter certeza de que não estão contaminados, os namorados, ambos, devem fazer três exames de sangue, em épocas diferentes: no início do namoro, no terceiro mês e no sexto mês. Os exames devem ser feitos sob a orientação de um médico porque, às vezes, a interpretação dos resultados pode ser meio confusa; já houve casos de pessoas sadi­as pensarem estar com Aids, não estando, e cometerem desatinos.

Durante os seis meses de estudo do sangue, praticando a absti­nência, os namorados devem dialogar muito e se estudar mutuamente para ver se o companheiro(a) merece fé.

Até aqui o Dr. Celso de Almeida Kundlatsch.

Acrescentem-se as observações de outros dois estudiosos:

"PRESERVATIVOS: FALHAM EM 69% DOS CASOS

Profilaticamente está provado que os preservativos de melhor qua­lidade falham em 69% dos casos. É a brincadeira da 'roleta-russa'. Pes­quisa realizada por Richard Smith, um especialista americano na trans­missão da Aids, apresenta seis grandes falhas do preservativo, entre as quais menciona por exemplo, a deterioração do látex, ocasionada pelas condições de transporte e armazenagem. Ainda que os preservativos cheguem em perfeitas condições aos usuários, estes ainda não seriam seguros. 'O tamanho do vírus HIV da Aids é 450 vezes menor que o espermatozóide. Estes pequenos vírus podem passar entre os poros do látex tão facilmente em um bom preservativo como em um defeituoso' (Richard Smith, 'The Condom: Is it really safe sex?', Public Education Commitee, Seattle, EUA, julho de 1991, p. 1-3).

Não é com preservativos que se debela o mal da Aids, mas com uma orientação condizente com a moral natural. Nenhuma pessoa sen­sata e honesta diz: 'Vamos ensinar os pivetes a roubar, mas sem que ninguém corra perigo de vida'. O roubo é imoral. Tão imoral como a pro­miscuidade sexual. Então, por que dizer: vamos ensinar a praticar o ato sexual promíscuo, com os preservativos, para que ninguém corra perigo de contágio?". (D. Rafael Llano Cifuentes, O GLOBO, 24/02/98)

A linguagem dos profissionais é assaz eloqüente por si mesma.

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NOTA:

[1] A Ética natural e a Moral católica entendem a expressão no sentido de monogamia conjugal. (Nota da Redação)

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