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quinta-feira, 3 de maio de 2007

Milagres: mas podem realmente haver milagres?

(Revista Pergunte e Responderemos, PR 176/1974)

Em síntese: A possibilidade do milagre é, por vezes, recusada pela ciência e pela razão em nome 1) do “indeterminismo” das leis da natureza, 2) do poder de sugestão, 3) do absurdo que o milagre representaria para Deus.

Na verdade, deve-se dizer que o Indeterminismo proclamado por W. Heisenberg tem sentido subjetivo, e não objetivo: não podemos formular leis constantes a respeito do curso da natureza porque não apreendemos com precisão a sua estrutura infra-atômica. - O poder da sugestão não explica a cura de lesões orgânicas irreversíveis. - Pelo milagre, Deus não cede a caprichos e arbitrariedades, mas quer dar aos homens, em momentos oportunos, um sinal da presença do sobrenatural no mundo e um teste­munho de que o homem não se realiza somente segundo as suas capaci­dades naturais.

O artigo termina apresentando a organização do controle exercido por médicos e teólogos sobre os portentos apregoados em Lourdes. Esse controle, meticuloso e objetivo, mostra como a Igreja deseja assegurar a nítida distinção entre verdadeiros milagres (sinais de Deus) e portentos meramente naturais.

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Comentário: A elucidação do conceito de milagre apre­sentada no artigo anterior talvez ainda deixe aberta na mente dos estudiosos a questão: Será que a ciência moderna permite realmente falar de milagres? Em que sentido se poderia dizer que algo é inexplicável aos olhos do cientista contemporâneo?

É a estas dúvidas que as páginas seguintes tencionam res­ponder, levando em conta sucessivamente: 1) o determinismo­-indeterminismo das leis naturais, 2) o poder da sugestão, 3) a tese do milagre-absurdo de Deus. Para terminar, diremos algo sobre Lourdes, cidade tida como testemunho sensível da ação­-sinal de Deus entre os homens até hoje.

1. Indeterminismo da natureza

Em oposição ao determinismo, que atribui às leis naturais uma necessidade absoluta de aplicação, alguns cientistas, a par­tir do início deste século, começaram a professar o indetermi­nismo ou o contingentismo. Com efeito, dizem, no campo da Física infra-atômica e nuclear já não se pode admitir a causa­lidade determinada dos corpúsculos elétricos e da energia cons­trutiva da matéria; as partículas infra-atômicas se movem e reagem de tal sorte que não podemos reduzir suas ações e rea­ções a leis precisas. Ora, já que o mundo macroscópico é a re­sultante global da ação dos bilhões de elementos infra-atômicos (microscópicos), as leis físicas que regem os corpos no uni­verso são leis estatísticas. Estas leis se exercem com grande probabilidade, não, porém, com certeza e regularidade. Tal é a posição de Werner Heisenberg, proposta de maneira explícita pela primeira vez em 1927. –

Por conseguinte, dizem, não se deveria julgar que, quando ocorre alguma derrogação ao curso normal da natureza, Deus interveio especialmente, dando um sinal de si; as «derrogações» se explicariam pelo fato mesmo de não serem constantes as leis da natureza.

- Em resposta, observemos os dois seguintes pontos:

1) O indeterminismo físico de Heisenberg deve ser en­tendido em sentido subjetivo, e não objetivo. Com outras palavras: Heisenberg e sua escola querem dizer que, dadas as

pre­cárias condições de nossos modos de observar a matéria micros­cópica, não podemos ter conhecimento preciso da posição, da velocidade e da direção dos corpúsculos infra-atômicos,... co­nhecimento necessário para prever as ações e reações de tais partículas.

Todavia a própria Física tende a corrigir as falhas eventualmente ocorrentes nos seus processos de observação, a fim de apreender com precisão crescente o curso objetivo da natureza, que é determinado. Na matéria bruta, não existe livre arbítrio ou autodeterminação. Quanto ao acaso, é simples nome; querer explicar o curso da natureza pelo acaso é simplesmente fugir de qualquer explicação, é abdicar da razão.

São palavras de Max Planck (+ 1947), Prêmio Nobel em Física:

"Não é necessário multiplicar palavras para explicar que a Física, em todos os problemas do mundo atômico e molecular, tende a substituir as leis estatísticas por leis dinâmicas rigidamente causais... Neste sentido, é lícito dizer que a Física em todos os seus setores se funda sobre a vali­dade da lei da causalidade" ("La conoscenza dei mondo fisico". Torino 1942, p. 121).

Por conseguinte, pode-se afirmar que, embora nossas per­cepções possam ser deficientes no que concerne a certas micro­-estruturas, estas são regidas pela lei da causalidade (“todo ser contingente tem uma causa adequada”, é o que a sã razão ensina), e não pelo acaso. Este, na verdade, não existe, mas é o nome atrás do qual se encobre a ignorância do observador; cf. PR 141/1971, pp. 386-399 (comentário do livro de Jacques Monod : “O acaso e a necessidade”). [1]

2) Observe-se ainda: Nem todas as leis da natureza são puramente estatísticas, mas existem leis naturais estabelecidas com precisão.

Tais são as leis dos fenômenos vitais, cujo processo se de­senvolve em direção contrária à das leis da probabilidade. Se­gundo estas, um conjunto de elementos agitados pelo mero acaso tende à homogeneidade ou à igual repartição da energia; ao contrário, no vivente os elementos tendem à heterogenei­dade crescente de órgãos, pelos, cartilagens, ossos, bem dife­renciados entre si, mas convergentes para constituir a unidade e a finalidade características do organismo vivo.

Também no mundo anorgânico existem leis fixas, como a da conservação da energia, as leis dos limites de tempo (má­ximo e mínimo) além dos quais um fenômeno não é natural­mente explicável...

Para ilustrar esta última afirmação, há quem proponha o seguinte exemplo: Admitamos dois recipientes iguais que co­municam entre si por um pequeno orifício. Estão cheios da mistura de dois gases que têm quase o mesmo peso atômico e se acham ai em quantidades proporcionais aos respectivos pesos atômicos. Suponhamos que as moléculas de um gás passem pelo orifício comum somente numa direção e as do outro so­mente na direção oposta. Será possível obter a separação com­pleta dos dois gases. Mas exigir-se-á, na melhor das hipóteses, um tempo mínimo para atingir a separação completa. Este tempo mínimo será determinado pelas dimensões do orifício e das moléculas assim como pela velocidade destas numa deter­minada temperatura. Por conseguinte, se a separação se desse em tempo muito menor ou mesmo instantaneamente, poder­-se-ia reconhecer aí uma derrogação evidente às leis da natu­reza, que suporia a intervenção do Autor da natureza.

Em conclusão, vê-se que não se pode alegar o indetermi­nismo da natureza para negar exceções ao curso natural dos acontecimentos e, indiretamente, recusar a noção de milagre.

2. Sugestão

A sugestão explicaria todos os fenômenos portentosos...

Já abordamos o assunto às pp. 331s deste fascículo. Verifi­camos a necessidade de se distinguirem doenças funcionais e doenças orgânicas. Embora toda moléstia seja psicossomática, há males somáticos ou orgânicos de tal ordem que são irrever­síveis, mesmo que o paciente se predisponha à cura pelos mais variados recursos psicológicos.

Mais ainda: têm-se verificado curas prodigiosas em bebês e crianças, incapazes de sentir “a fé que cura”. Sejam recor­dadas também as pessoas que se dirigem a um santuário (Lour­des, Fátima ...) em atitude de ceticismo, hostilidade, deses­pero...

A esta altura, porém, dirá alguém: se não se devem ex­plicar por sugestão os "milagres católicos", também não se deve recorrer à sugestão para explicar os “milagres espíritas” ou dos curandeiros.

- A propósito, observemos: os fenômenos que possam ser tidos como milagrosos no Catolicismo, são aqueles nos quais, desde o inicio, se vê que a explicação por sugestão não tem propósito. A apologética católica não aceita como possíveis mi­lagres os casos de doenças funcionais e outras em que a suges­tão possa ser responsável pela cura. - Ao contrário, as curas apregoadas pelo espiritismo não costumam ser examinadas cientificamente, mas, de maneira mais ou menos global e gra­tuita, são atribuídas ao Além; ora é evidente que em muitas e muitas dessas curas a sugestão é o grande fator de restauração da saúde (na medida em que esta realmente se dá).

Segue-se um exemplo de cura que, à primeira vista, pode­ria ser tida como milagrosa, mas que, na verdade, não foi re­conhecida como tal pelas autoridades médicas e eclesiásticas competentes no caso.

Gérard Braillie, natural de Saint Pol-sur-Mer (França), com três anos de idade, passou por anestesia geral a fim de sofrer intervenção cirúrgica; foi então atingido por coroidite e atrofia ótica bilateral. Com o olho direito, conseguia contar os dedos a 50 cm de distância; com o olho esquerdo apenas per­cebia certa luminosidade. Foi levado por sua mãe ao Instituto dos jovens cegos de Arras, que passou a freqüentar; o oftal­mologista Dr. Biziaut deu-lhe aí o laudo seguinte: “Atrofia ótica dupla. Cegueira incurável” (sublinhado pelo Dr. Bizaut). Igual diagnóstico foi redigido e assinado pelo Dr. Viton, oculista em Arras, por ocasião de outro exame médico feito durante os dezoito meses que passou freqüentando o Instituto.

Aos 26 de setembro de 1947, o menino chegou a Lourdes, em companhia de seus pais. Lá foi examinado por diversos médicos, que fizeram idêntico diagnóstico. No quarto dia em Lourdes, foi levado a fazer a Via Sacra; era então guiado por sua mãe, que lhe segurava a mão; na quarta estação da Via Sacra, porém, disse repentinamente: “Mãe, que vestido bonito você tem!” Enxergava como que através de dois canais, sem visão de conjunto nem apreciação de perspectiva. No dia se­guinte, no dormitório, pôs-se a correr e pular de uma cama para outra. Levado ao Dr. Camps, oculista de Tarbes, comen­tava tudo o que ele via pela estrada. Resultado do novo exame: “Cório-retinite bilateral com atrofia ótica dupla; não pode en­xergar nem há de enxergar”.

A família voltou para Arras, sua cidade residencial, no dia seguinte. O menino foi colocado em uma escola para crianças sadias; a fim de lá chegar, percorria diariamente três quilôme­tros a pé, passando por cruzamentos de estradas de intenso tráfego. - Na sala de aulas, podia ler no quadro negro, seguia facilmente os cursos; tinha seus cadernos de apontamentos em dia. Em julho e setembro de 1948 foram-lhe feitos novos exa­mes pelo Dr. Smith, oculista de Glasgow. Diagnóstico : “Cório-retinite dupla. Gérard não deveria estar enxergando”.

Então a Comissão Médica Nacional de Lourdes, encarre­gada de examinar os casos portentosos ocorridos naquela ci­dade, tendo recebido o dossiê de Gérard, pediu novos exames médicos. Estes foram feitos pelo Dr. Lescaut, oftalmologista dos Hospitais de Lille. Em 1949, o resultado de tais exames era o seguinte: “Não parece discutível que Gérard Braillie tenha tido uma cório-retinite bilateral, com atrofia ótica dupla. Atual­mente, porém, já não a tem. Ora a cura de uma cório-retinite com atrofia ótica é coisa que nunca vi”.

Todavia o acume visual de Gérard era apenas de 0,2 e 0,3. - Levado o caso à comissão- eclesiástica (além de médicos, há teólogos que examinam os casos de Lourdes), esta não quis proclamar o milagre, porque a cegueira não era completa nem a cura fora total e, além do mais, não estava excluída a pos­sibilidade de influências psíquicas na cura (possibilidade suge­rida pelo Dr. Delogé de Nice e pela psicóloga M. Krudewig). - A comissão eclesiástica, porém, não negou que tivesse ha­vido resposta de Deus às preces de uma mãe e de seu filho e que tal graça fora devida à intercessão da Virgem SS. em Lourdes.

Este caso se acha descrito, com a respectiva documenta­ção, no livro de L. Monden, «Le miracle, signe de salut», p.,198.

3. O “absurdo” de Deus

Há pensadores que recusam a possibilidade do milagre, por julgarem que derrogaria à perfeição e à sabedoria de Deus. Este, pelo milagre, retocaria a sua criação como se fosse defeituosa ou usaria caprichosa e arbitrariamente de seu poder. Seria um rei volúvel ou tirânico ou um engenheiro inábil e perdulário.

Esta objeção era freqüente nos séculos XVIII e XIX. Eis corno Voltaire (+ 1778) a formulava

"Deus nada pode fazer sem motivo. Ora que motivo podia levá-lo a desfigurar, ainda que por curto prazo, a sua própria obra?... Por que Deus faria um milagre? Para cumprir um certo desígnio sobre determinado vivente? Ele diria, pois: Não consegui, pela fabricação do universo, por meus decretos divinos, por minhas leis eternas, realizar um certo projeto; quero trocar minhas idéias eternas, minhas leis imutáveis, a fim de tentar executar o que não pude obter por meio das que estão em vigor. Ora tal atitude seria uma confissão da fraqueza, e não do poder, de Deus. Eviden­temente em Deus teríamos que admitir a mais inconcebível contradição" (cf. "Dictionnaire Philosophique", verbete "Miracle").

- Deve-se responder que o milagre não significa a mínima mudança em Deus. Com efeito, num só ato de sua vontade o Criador desde toda a eternidade estabeleceu tanto as leis da natureza como as exceções a essas leis. As alterações implica­das pelos milagres estão nas criaturas, e não no Criador; não se confunda a vontade de mudança com a mudança de vontade.

E por que pode o Senhor querer uma alteração nas obras que Ele mesmo criou?

Não para corrigi-las, porque Deus não se engana (um Deus falho ou errôneo não seria Deus). Nem seria Deus movido por capricho arbitrário - coisa indigna daquele que é três vezes Santo. Mas toda intervenção extraordinária de Deus na natu­reza deve-se a uma finalidade superior e harmoniosa: o Senhor quer assim manifestar especial benevolência para com alguma criatura ou credenciar determinada verdade... Mais: derro­gando às leis da natureza, o Senhor Deus quer assinalar ao homem a sua vocação à ordem sobrenatural ou à filiação di­vina, ao consórcio da vida do próprio Deus. O homem não é simplesmente chamado a se realizar segundo as capacidades da sua natureza, mas Deus quis colocar dentro da criatura humana uma realidade transcendental, a graça santificante - participação da vida do Pai, do Filho e do Espírito Santo -, que os milagres do seu modo insinuam ou assinalam quando Deus o julga oportuno.

Vêm agora a propósito algumas indicações das atitudes que a Igreja e os cientistas têm tomado em Lourdes frente às apregoadas curas milagrosas lá ocorrentes.

4. A averiguação do possível milagre

É principalmente em Lourdes (França) que atualmente se pode tomar contato com fenômenos milagrosos.

Embora as aparições se tenham dado em 1858, somente em 1882 se constituiu uma comissão de controle das curas lá re­gistradas. Com efeito, naquela data o Dr. Dunot de Saint­-Maclou fundou o “Bureau des Constatat'ons Médicales” (B. C. M.), hoje muito ampliado com o nome de “Bureau Médical de Lourdes” (B. M. L.). Este organismo foi atraindo o inte­resse dos médicos de diversos países, de sorte que o B. C. M. passou a aceitar, para tomar parte em suas atividades, qual­quer médico que o deseje, sem acepção de nacionalidade ou de convicções filosófico-religiosas. O controle se faz em duas fases : 1) exame da realidade da doença e da respectiva cura; 2) exame da índole dessa cura: explicável pela medicina ou não?

Quando algum enfermo se diz curado em Lourdes, apre­senta-se ao Bureau, onde os médicos o examinam; qualquer médico que o queira, pode realizar o exame. Caso a cura seja averiguada, os médicos redigem e assinam a ata respectiva e um laudo provisório. O paciente é convidado então a se apre­sentar de novo dentro de um ano em Lourdes. Entretanto um médico é encarregado de completar a investigação do caso ; em 1925, o Dr. Vallet fundou a “Association Médicale Interna­tionale de Notre-Dame de Lourdes" (A. M. I. L.), que facilita a criação do arquivo de cada paciente “curado” depois que volta à casa no primeiro ano de sua cura; os membros dessa Asso­ciação, que pertencem a diversas nacionalidades, comprome­tem-se a fazer gratuitamente as análises, os trabalhos de labo­ratório e a documentação fotográfica de cada caso que lhe interesse.

Depois de um ano, o paciente curado volta a Lourdes. O seu dossiê é aberto e relido. Os médicos examinam mais uma vez a pessoa, a fim de averiguar se a cura se manteve sem a mínima objeção em contrário. As vezes, a pedido de um dos médicos, o Bureau pode diferir por mais um ano ou dois a de­claração a respeito da realidade da cura. - Caso, porém, os fatos sejam claros, os cientistas põem-se a discutir a última questão: Poder-se-ia explicar naturalmente a cura assim ve­rificada ?

Se a resposta é negativa, o Bureau não se pronuncia sobre a índole milagrosa da cura. Isto escapa ao seu setor. Nesta instância são competentes tão somente a comissão canônica instituída para o exame teológico de cada caso e a autoridade ecle­slástica. Nem todas as curas tidas como inexplicáveis pela co­missão de médicos são consideradas milagres pela Igreja. Entre 1938 e 1948, por exemplo, o Bureau julgou doze casos como não redutíveis aos conhecimentos da medicina; mas, em fins de 1949, apenas quatro desses haviam sido declarados milagrosos pelas comissões eclesiásticas.

A organização do controle, meticulosa como é, exclui a possibilidade de fraude consciente, como também contribui para afastar a suspeita de parcialidade ou de preconceitos no julga­mento pronunciado sobre cada caso.

Ainda em 1949, o controle foi remodelado em Lourdes, a fim de atender às novas exigências da investigação médica.

Foram criadas instalações que permitam proceder a exames preliminares do paciente, logo que chegue a Lourdes para pedir a graça da cura. O “Bureau Médical de Lourdes” constituiu orgãos assessores; entre estes, cita-se o “Comité Médical Inter­national”, que se reune anualmente e passa em revista os casos já examinados pela comissão médica que trabalha permanente­mente em Lourdes; sem esse ulterior exame e a respectiva apro­vação do “Comité Médicas International”, nenhum caso de cura é levado à comissão de teólogos e canonistas, que julgarão o aspecto religioso do fato em foco.

Eis alguns dados que ilustram a organização e os resulta­dos do controle: [2]

Em 1948, passaram por Lourdes 15.800 pacientes; em 1949, 20.000; em 1950, 30.000; em 1958, 50.000. O “Bureau Médical” matriculou, aos 15/10/1949, o 25.000° médico participante de suas atividades; 750 médicos colaboraram com o “Bureau” em 1947; 1.000 em 1948; 1.400 em 1950; 1.453 em 1957. Entre esses cientistas, contam-se católicos, protestantes, ortodoxos, maçons, judeus, maometanos, budistas, confucionistas, incrédulos... Em 1947 eram ai 47 os professores de Universidade - Londres, Glasgow, Dublin, Louvain, Liège, Pádua, Gênova, Lião, Paris, Liste -, representativos das grandes especializações da medi­cina. Desde 1882 até 1859, dentre mais de mil casos tidos como portentosos, a comissão de peritos (médicos e teólogos) apenas reconheceu 54 como milagres, sendo que dez dentre estes datam de 1949 a 1959.

Possam estes dados ajudar os estudiosos a conceituar o milagre numa perspectiva autenticamente teológica! Esta pro­cura evitar tanto o racionalismo como a credulidade simplória e iludida.

Ver a bibliografia citada no fim do artigo anterior, à p. 336, assim como a resenha de “Um Congresso de Filosofia” à p. 337 deste fascículo.

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NOTAS:

[1] "Nunca saberemos talvez porque e como um elétron ou um fóton, passando através de uma rede, tem uma difração numa direção antes que em outra, porque e como uma partícula alfa no efeito Gamow supera uma barreira de potencial que se presume superior à energia do corpúsculo. E teremos que nos servir do cálculo das probabilidades, na descrição dos fenômenos observáveis, por uma necessidade inerente ao nosso próprio modo de conhecê-los e experimentá-los. Mas deveremos também afirmar pelas exigências da nossa razão a existência de uma causa que determina o fenômeno; pois dizer que uma realidade se determina por acaso de um modo antes que doutro, é afirmar que algo chega à existência sem uma causa ou, pelo menos, sem uma causa proporcionada" (F. Selvaggi, "Il prin­cipio di Indeterminazione di Heisenberg", em "La Civiltà Cattolica", 1947, p. 122).

[2] Infelizmente as estatísticas que pudemos consultar, não vão além de 1960. É certo, porém, que os fenômenos e a sua averiguação continuam em Lourdes.

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