1) às pp. 23s escreve Jaime Francisco:
"Quando os judeus começaram a espalhar-se pelo mundo, logo após a destruição de Jerusalém (ano 70), eles mesmo viram a necessidade de traduzir a Bíblia Sagrada para o grego, que era a língua universal daquela época. E nessa tradução foram incluídos esses 07 livros deuterocanônicos (que já estavam escritos em grego pelos próprios judeus)".
A propósito observamos: os judeus começaram a se espalhar pelo mundo desde o século VIII a.C., quando Samaria caiu e os seus habitantes mais cultos foram deportados para a Mesopotâmia. Outra onda de deportação ocorreu no século VI a.C., quando Judá foi tomado pelos babilônios. Especialmente importante foi a migração dos judeus para Alexandria (Egito) nos séculos IV-II a.C.: em terra helenista sentiram a necessidade de traduzir os seus livros sagrados para o grego, donde resultou a versão dos LXX, confeccionada entre 250 e
2) Às pp. 139s, o autor trata do pecado dos primeiros pais. Faltou mencionar aí os dons paradisíacos de que eram dotados: a imortalidade (Gn 2,17; 3,19), a impassibilidade (Gn 3,16-19), a imunidade de concupiscência (Gn 2, 25; 3, 7-13). Não há menção do demônio simbolizado pela serpente. O autor diz ignorar qual foi o pecado dos primeiros pais, quando na verdade se pode afirmar que foi o de soberba. A árvore da ciência do bem e do mal era a imagem do programa de vida que Deus propunha aos primeiros pais para que se confirmassem na santidade original.
3) Às pp. 63s o autor comete duas impropriedades de linguagem:
- fala do "lugar do purgatório". Na verdade, o purgatório é um estado de alma em que a criatura repudia radicalmente os resquícios de pecado com que tenha passado para o além: impaciência, maledicência, vaidade, orgulho... O pecado, mesmo depois de perdoado, deixa escórias ou resíduos na alma do penitente. Tais escórias têm de ser eliminadas para que a criatura possa ver Deus face-a-face. Se não são eliminadas nesta vida pela prática da ascese, hão de ser rejeitadas no além mediante uma contrição radical;
- na vida futura não haverá perdão de pecados, como afirma o autor, mas sim o repúdio das raízes de pecados já perdoados, a fim de que a alma, totalmente purificada, possa participar da bem-aventurança celeste.
4) O autor costuma inserir entre parênteses os textos bíblicos que ele cita. Assim, por exemplo, à p. 62: "Leia ainda (1 Pedro 1,13-16)". Os parênteses são desnecessários no caso.
A par destas e outras falhas, o autor apresenta páginas interessantes, como aquela em que mostra que a Inquisição foi procedimento adotado também pelos reformadores do século XVI (pp. 117-119). Interessante também é o que diz sobre o livre exame da Bíblia, fator de divisões e subdivisões do protestantismo (pp. 21s).
Possa o autor melhorar sua obra em edições subseqüentes!
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NOTA:
[1] Editora COMDEUS. Comunicação Católica e Fundação São José de Educação e Cultura, Avenida São José 921, 12209-720, São José dos Campos (SP); Telefax 00xx12-321-6944. O livro tem 140 x 210mm e 155pp.
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