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quinta-feira, 3 de junho de 2010

Espiritismo: por que não sou espírita?

(Revista Pergunte e Responderemos, PR 360/1992)

Em síntese: São apontadas sete razões pelas quais um católico não pode ser espírita: O Espiritismo (tanto o kardecista quanto o afro-brasileiro) está baseado na hipótese de que existe comunicação dos vivos com os mortos mediante artes mágicas ou receitas eficazes. Ora isto é enorme ilusão, que só pode ter significado em ambientes que ignoram as conclusões da ciência parapsicológica contemporânea (ciência que não existia nos tempos de Allan Kardec, 1804-1869). Além disto, a reencarnação - outra pedra básica da crença espírita - é postulado sem fundamento; a parapsicologia e a reta explicação da fé católica dissipam facilmente os seus pretensos fundamentos. Além disto, é de notar que o Espiritismo é poderoso foco de doenças mentais, como afirmam grandes médicos do Brasil, constituindo assim um problema que interessa à saúde pública. Deve-se outrossim registrar que as próprias irmãs Fox, cujas experiências deram origem ao Espiritismo moderno, se retrataram, reconhecendo que se serviram de truques para produzir os fenômenos que os circunstantes interpretam como intervenções do além.

***

O Espiritismo seduz muitos fiéis católicos, seja por causa dos "fatos prodigiosos" que lá ocorrem, seja pela promessa de comunicação com os defuntos, seja porque o Espiritismo às vezes se reveste de capa católica, adotando nomes de Santos para seus Centros e louvando Jesus Cristo...

Dai a necessidade de dizermos por que um católico não pode ser espírita. É o que faremos nas páginas seguintes, abrangendo sob a designação de Espiritismo também as religiões afro-brasileiras (Umbanda, Candomblé, Macumba...); estas têm em comum com o kardecismo a prática da evocação dos mortos e a crença na reencarnação (A relação entre Espiritismo e Umbanda, por exemplo, é tão íntima que há quem diga que a Umbanda é complementação do Espiritismo; seria a quarta revelação (após a de Moisés, a de Jesus Cristo e a de Allan Kardec). Tenha-se em vista o texto do jornal "O Reformador'; órgão oficial da Federação Espírita Brasileira, julho de 1953, p. 149 (Baseados em Kardec, é-nos lícito dizer: Todo aquele que crê nas manifestações dos espíritos é espírita; ora o umbandista nelas crê, logo o umbandista é espírita... Assim todo umbandista é espírita, porque aceita a manifestação dos Espíritos, mas nem todo espírita é umbandista, porque nem todo espírita aceita as práticas de Umbanda”).

São sete as razões pelas quais não sou espírita (kardecista ou umbandista):

1. Grande Ilusão

Um dos fatores mais atraentes do Espiritismo é a aparente comunicação com os espíritos "desencarnados"; estes parecem acompanhar os vivos, consolando-os e orientando-os; é o que ocorre nos casos do copo falante, da psicografia, das casas mal-assombradas, etc.

Ora a explicação desses fenômenos por intervenção de espíritos do além podia ter crédito nos tempos de Allan Kardec (1804-1869). Hoje, porém, o estudo do psiquismo humano mostra que todos os fenômenos ditos "de mediunidade" são meras expressões do psiquismo do médium e de seus assistentes. Com efeito, a parapsicologia ensina que temos 7/8 de nossos conhecimentos (adquiridos desde a infância) em nosso inconsciente; usamos apenas 1/8 daquilo que sabemos. Ora, por efeito da sugestão, essas noções latentes sobem à consciência do indivíduo e lhe possibilitam manifestações que parecem estranhas, oriundas do além, quando na verdade são apenas expressões daquilo que a pessoa viu, ouviu, sentiu no decorrer da sua vida presente.

O inconsciente, a sugestão e uma grande sensibilidade são, portanto, os principais fatores que explicam os fenômenos mediúnicos. O inconsciente é um enorme repertório de imagens, sons e experiências latentes no ser humano; está sujeito a ser ativado pela sugestão de que o médium vai receber um espírito do além e, por isto, terá que representar um papel condizente com tal "incorporação".

Não há fenômeno mediúnico nenhum que não possa ser explicado pela parapsicologia, de modo que é falso recorrer a intervenções do além para compreendê-los.

Somente quem permite que a emoção e os sentimentos preponderem sobre o raciocínio e a ciência, pode aderir ao Espiritismo. Este não é ciência, como diz, mas (doloroso é dizê-lo) é obscurantismo, pois supõe ainda o contexto do século XIX e ignora os resultados comprovados da Psicologia contemporânea.

2. O desmentido das irmãs Margaret e Katy Fox

1. Pouco se conhece um fato importante:

O Espiritismo moderno, como dizem os próprios espíritas, começa em Hydesville (N.Y., U.S.A.) em 1848. Certa noite, o pastor protestante John Fox, sua esposa e as duas filhas Margarida e Catarina estavam a conversar sobre estranhos fenômenos de "assombração"; Catarina então produziu estalos com os dedos; notaram todos que alguém os repetia. Por sua vez, Margarida produziu estalos e encontrou eco. Apavorada, a Sra. Fox perguntou: "É homem ou mulher que está batendo?", mas não obteve resposta. Insistiu então: "É espírito? Se é espírito, bata duas vezes". Produziram-se duas breves pancadas. Concluiu assim que um espírito "desencarnado" estava em comunicação com a família. Segundo se diz, os próprios espíritos indicaram às irmãs Fox em 1850 nova forma de comunicação: que os interessados se colocassem em torno de uma mesa, em cima da qual poriam as mãos; às interrogações que fizessem aos espíritos, a mesa responderia com golpes e movimentos indicadores de letras do alfabeto e de palavras.

Em pouco tempo, as novas práticas se espalharam pelos Estados Unidos, pelo Canadá e pelo México. Atravessaram o Atlântico, chegando à Escócia e à Inglaterra, passaram para a Alemanha e outros países europeus, encontrando em 1854 na França o seu grande doutrinador: Léon Hippolyte-Denizart-Rivail, que tomou o nome de Allan Kardec, pois julgava ser a reencarnação de um poeta celta do mesmo nome.

2. Ora eis o depoimento de Margaret Fox, publicado no jornal "The New York Herald", de 24/9/1888:

"Quando o espiritismo começou, Kate e eu éramos criancinhas e essa velha mulher, minha outra irmã, fez de nós seus instrumentos. Nossa mãe era uma tola. Era uma fanática. Assim a chamo porque era honesta. Acreditava nessas coisas. De fato, o espiritismo começou com um nada. Éramos apenas criancinhas inocentes. Que sabíamos nós? Ah, chegamos a saber demais! Nossa irmã serviu-se de nós em suas exibições; ganhávamos dinheiro para ela. Agora vira-se contra nós porque é esposa de um homem rico e sempre que ela o pode, opõe-se a nós.


O Dr. Kane encontrou-me quando eu levava essa vida. (Sua voz tremeu, aqui, e quase desfaleceu). Tinha eu apenas treze anos quando ele me livrou disso, colocando-me num colégio. Fui educada em Filadélfia. Aos dezesseis anos casei-me com ele na ocasião em que voltou de uma expedição ártica. Agora, chegamos à triste história, tão triste... Ele se achava muito doente...


"Quando recuperei as forças, fui novamente empurrada para o espiritismo. Dei exibições com minha queridíssima irmã Kate. Sabia, então, é claro, que todos os efeitos por nós produzidos eram absolutamente fraudulentos. Ora, tenho explorado o desconhecido na medida em que uma criatura humana o pode. Tenho ido aos mortos, procurando receber deles um pequeno sinal. Nada vem daí - nada, nada. Tenho estado junto às sepulturas, na calada da noite, com licença dos encarregados. Tenho-me assentado sozinha sobre os túmulos, para que os espíritos daqueles que repousavam debaixo da pedra pudessem vir ter comigo. Tenho procurado obter algum sinal. Nada! Não, não, não, os mortos não hão de voltar, nem aqueles que caem no inferno. Assim o diz a Bíblia católica, e eu o digo também. Os espíritos não voltam. Deus nunca o ordenou".

3. Por sua vez, a Sra. Katy Fox (casada com o Sr. Jencken), deixou o seguinte testemunho, publicado no "The New York Herald", de 10/10/1888:

"O espiritismo é fraude do princípio ao fim. É a maior impostura do século. Não sei se ela já lhe disse isso, mas Maggie e eu começamos quando éramos crianças muito pequeninas, pequenas e inocentes demais para compreendermos o que fazíamos. Nossa irmã Leah contava vinte e três anos mais que nós. Iniciadas no caminho do engano e encorajadas a isso, continuamos, é claro. Outros, com bastante idade para se envergonharem de tal infâmia, apresentaram-nos ao mundo. Minha irmã Leah publicou um livro intitulado O Elo que faltava ao Espiritismo. Pretende contar a verdadeira história do movimento, tanto quanto se originou conosco. Ora, só há no livro falsidade, do início ao fim. Salvo o fato de que foi Horace Greeley que me educou. O restante é uma cadeia de mentiras".


"E, quanto às manifestações de Hydesville em 1848 e aos ossos encontrados na adega, e o mais?"


"Tudo fraude, sem exceção". "Contudo, Maggie e eu somos as fundadoras do espiritismo!" concluiu a Sra. Jencken.


Debaixo do nome dessa terrível, horrorosa hipocrisia - o espiritismo - tudo que há de impróprio, mau e imoral é praticado. Vão tão longe a ponto de terem o que chamam filhos espirituais! Pretendem a algo como a imaculada conceição! Coisa alguma poderia ser mais blasfematória, mais nojenta, mais altamente fraudulenta? Em Londres, fui, disfarçada, a uma sessão privada em casa de um homem rico. Vi uma chamada materialização. O efeito foi obtido por meio de papel luminoso cujo brilho se refletia sobre o refletor. A figura assim exibida era a de uma mulher - virtualmente um nu; envolvia-a uma gaze transparente. O rosto apenas se achava oculto. Era essa uma das sessões a que são admitidos alguns amigos privilegiados, não crentes, de espíritas crentes. Há, porém, outras sessões a que só são admitidos os mais provados e fiéis; aí ocorrem as coisas mais vergonhosas, que rivalizam com as saturnálias secretas dos antigos romanos. Não posso descrever-lhe essas coisas porque não ousaria."

4. O jornal "The World", de 22/10/1888, publicou a crônica da famosa sessão na Academia de Música de Nova Iorque, ocorrida na noite de 21/10/1888. A Sra. Margaret Fox Kane proferiu então perante grande público caloroso depoimento, que também se lê no livro de Davenport: "The Death - Blow to Spiritualism" (New York 1888); desta obra extraímos o seguinte texto:

"No dia 21 de outubro de 1888, a Sra. Margaret Fox Kane realizou pela primeira vez seu intento de, com os próprios lábios, denunciar publicamente o espiritismo e seu séqüito de truques. Apresentou-se à Academia de Música em Nova York perante numerosa e distinta assembléia e, sem reservas, demonstrou a falsidade de tudo quanto no passado fizeram sob o disfarce da mediunidade espírita.


Foi dura provação. A grande tensão nervosa de que padecia, tomou-lhe a mente altamente excitada, e o grande número de espíritas presentes na casa tentava criar uma perturbação, ou uma diversão desleal que teria por fim romper a força da denúncia da Sra. Fox. Falharam, porém, completamente, graças ao caráter superior que possuía a maioria de seus ouvintes.

O efeito moral dessa exibição não poderia ter sido maior.

A Sra. Kane manteve-se de pé sobre o palco; tremendo e possuída de intensos sentimentos, fez a seguinte e extremamente solene abjuração do espiritismo, enquanto a Sra. Catharine Fox Jencken assistia de um camarote vizinho, dando, por sua presença, inteiro assentimento a tudo que a irmã dizia:


Deveis, sem dúvida, saber que tenho sido o principal instrumento em perpetrar a fraude do espiritismo, num público demasiadamente confiante.


O maior sofrimento de minha vida é que essa é a verdade. Embora tenha essa hora chegado tarde, estou agora preparada para dizer a verdade, toda a verdade e nada senão a verdade - a isso Deus me ajude!


Há, provavelmente, muitos aqui presentes que me hão de desprezar por causa do engano a que me tenho entregue; contudo, se soubessem a história verdadeira do meu passado infeliz, a viva agonia, a vergonha que tem sido para mim, haveriam de me lamentar, não reprovar.


A impostura que por tanto tempo mantive, começou na minha tenra meninice, quando, o espírito e o caráter ainda não formados; era incapaz de distinguir entre o bem e o mal.


Quando atingi a maturidade, me arrependi. Tenho vivido anos através de silêncio, timidez, desprezo e amarga adversidade, ocultando, o melhor que pude, a consciência de minha culpabilidade. Agora, graças a Deus e à minha consciência despertada, estou enfim apta a revelar a verdade fatal, a verdade exata dessa hedionda fraude, que tantos corações tem feito mirrar e obscurecido tantas vidas.


Esta noite estou aqui como uma das fundadoras do espiritismo, para denunciá-lo como absoluta falsidade, do princípio ao fim, como a mais frívola das superstições, a mais maldosa blasfêmia do mundo" (Os depoimentos aqui transcritos encontram-se na obra de D. Boaventura Kloppenburg: "O Espiritismo no Brasil." Ed. Vozes, Petrópolis, 1960, pp. 426 - 447, onde se encontra também a cópia fac-símile das respectivas páginas dos originais ingleses).

Notemos que, além da explicação por truques, ocorre a explicação pela parapsicologia, quando se trata de fenômenos mediúnicos Em nossos dias pode-se crer que a maioria dos médiuns e freqüentadores do Espiritismo são pessoas sinceras e de boa fé; sem o saber, estão provocando fenômenos parapsicológicos, que elas atribuem à intervenção de "espíritos desencarnados".

3. Fator de doenças mentais

A excitação do psiquismo humano provocado pelo exercício da mediunidade não pode deixar de traumatizar a pessoa e tornar-se foco de doenças mentais. Atestam-no grandes médicos do Brasil, habituados a tratar de psicopatologias diversas. Eis alguns de seus depoimentos, colhidos por D. Boaventura Kloppenburg num inquérito realizado em 1953:

Dr. Luis Robalinho Cavalcanti:

"Não é aconselhável promover o desenvolvimento das faculdades mediúnicas, desde que se trata de fenômenos psicopatológicos prejudiciais ao indivíduo.


O médium deve ser considerado como uma personalidade anormal, predisposto a enfermidades mentais, ou já portador de psicopatias crônicas ou em evolução.


As práticas mediúnicas são prejudiciais à saúde mental da coletividade, retardando o tratamento dos pacientes, que muitas vezes chegam às mãos do médico com enfermidade já cronificada.


O Espiritismo põe em evidência enfermidades mentais preexistentes e desencadeia reações psicopatológicas em predispostos. .


São convenientes medidas que visem a evitar a prática de atividades médicas e terapêuticas por se tratar de contravenção, proibida pelas leis sanitárias, que só reconhecem ao médico com diploma devidamente registrado nos órgãos competentes o direito de tratar pessoas doentes".

Dr. Francisco Franco:

"Provocar fenômenos espíritas é desaconselhável porque danoso para o organismo; o médium toma-se um neurastênico, autômato, visionário, abúlico, antecâmara à esquizofrenia, um indivíduo perigoso para si e a sociedade.


O médium nunca pode ser normal pelas razões expostas acima.


O Espiritismo é uma farsa, portanto nula a sua finalidade.


O Espiritismo está colocado em primeiro lugar como fator de loucura e de outras perturbações patológicas, agindo sobretudo nas mentalidades fracas e particularmente nas sugestionáveis.


O Espiritismo é o maior fator produtor de insanos que perambulam pelas ruas, enquanto grande percentagem enchem os manicômios, casas de saúde, segundo a opinião de abalizados psiquiatras, como Austregésilo, Juliano Moreira, Franco da Rocha, Pacheco e Silva..."

Dr. Oswaldo Morais Andrade:

"O Espiritismo é prejudicial, principalmente nos meios incultos.

É tese assente em Psiquiatria que o Espiritismo pode agir como fator desencadeante de distúrbios mentais em indivíduos predispostos,

Aprovo uma campanha de esclarecimento da população, contra a prática mediúnica".

Dr. Franco da Rocha:

No livro "Esboço de Psychiatria Forense", p. 32, escreve:

"A propósito das reuniões espíritas, num trabalho recente escreveram Sollier e Boissier.: Em beneficio da profilaxia seria de conveniência divulgar os acidentes causados pela freqüência às sessões espíritas. Charcot. Forel, Vigoroux, Henneberg e outros publicaram exemplos de pessoas, sobretudo moças, anteriormente sãs, que se tornaram histéreo-epilépticas, em conseqüência de terem tomado parte nas cenas de evocação dos espíritos. E o resultado de automatismo, um exercício metódico para o desdobramento e desagregação da personalidade. Aqui fazem explodir ou agravam a neurose, acolá despertam e sistematizam a tendência à vesânia. que urna vida regular e bem dirigida teria abafado. Tais são os perigos que devem ser conhecidos, mesmo dos que, sem outra convicção, nada mais vêem nesta operação que simples divertimentos de reuniões”.

Dr. Juliano Moreira:

Respondeu nos termos abaixo a um inquérito realizado pelo Dr. João Teixeira Álvares, que publicou as respostas respectivas no livro "O Espiritismo" (Uberaba 1914), pp. 122-125:

"Tenho visto muitos casos de perturbações nervosas e mentais evidentemente despertadas por sessões espíritas. No Hospital Nacional, não raro, vêm ter tais casos.


Até hoje não tive a fortuna de ver um médium, principalmente os chamados videntes, que não fosse neuropata".

Dr. Joaquim Dutra:

Respondeu ao mesmo inquérito:

"As práticas espíritas estão incluídas, e com certa proeminência, entre as causas e efeitos das moléstias mentais, influindo diretamente, pelas perturbações emotivas, com um coeficiente avolumado, para a população dos manicômios.


Exageradas, até se tornarem preocupação dominante, elas preparam a loucura, quando não são mesmo uma denúncia da existência de loucura.


Por impressionáveis, tais práticas concorrem para a alucinação, determinando emoções que acarretam perturbações vaso-motoras ou que provocam concentração psíquica, estados de abstração, perturbações graves nas funções vegetativas, alterações nas secreções internas, redundando tudo em auto-intoxicação... "

Dr. Antonio Austregésilo:

Em resposta ao Dr. João Teixeira Álvares:

"O Espiritismo é no Rio de Janeiro uma das causas predisponentes mais comuns de loucura.


Os médiuns devem ser considerados indivíduos neuropatas próximos da histeria.


O Espiritismo é uma neurose provocada pela fácil auto-sugestibilidade, em que há predominância das alucinações psico-sensoriais, sendo não raro histeria ou um estado histeróide".

Tais depoimentos dispensem qualquer comentário. A experiência cotidiana os comprova amplamente.

4. Reencarnação

A reencarnação vem a ser tese arbitrária, para a qual não há fundamento objetivo. Aliás, é tão subjetiva que os espíritas mesmos não concordam entre si a respeito.

Assim, por exemplo, enquanto os espíritas latinos admitem firmemente a reencarnação, os anglo-saxões a rejeitam. E por quê? - Porque os anglo-saxões, movidos por preconceitos racistas, não podem imaginar que voltarão à Terra num corpo de raça negra ou indígena.

Mesmo entre os reencarnacionistas há divergências: alguns dizem que a reencarnação é lei geral, ao passo que outros a admitem apenas para os espíritos mais atrasados ou para os perfeitos, que têm de cumprir alguma missão na Terra. Uns sustentam que o ser humano se reencarna sempre no mesmo sexo, enquanto outros professam variação alternativa de sexo. Uns ensinam que a reencarnação se faz apenas na Terra, enquanto outros admitem que ocorra também em outros planetas. Uns pensam que a reencarnação se dá pouco depois da morte, outros afirmam um intervalo de mil e quinhentos anos precisamente. Uns julgam que a reencarnação é não só progressiva, mas também regressiva, de modo que o indivíduo pode voltar à Terra num corpo animal ou vegetal; outros, ao contrário, dizem que a reencarnação não pode ser regressiva, mas, na pior das hipóteses, é estacionária por algum tempo... É que, na verdade, ninguém sabe o que foi em "encarnação anterior".

Esta variedade de sentenças manifesta bem que a doutrina da reencarnação carece de base objetiva; é, antes, um postulado fantasioso dos que a professam. Com efeito; vejamos os argumentos aduzidos pelos reencarnacionistas:

1) Os testemunhos de vida pregressa obtidos em estado de transe hipnótico. - Um estudo apurado dos mesmos revela que nada mais são do que a combinação de impressões colhidas durante esta vida mesma e guardados no inconsciente do sujeito. Este, sugestionado pelo hipnotizador de que viveu uma encarnação anterior, projeta essas impressões em combinação livre, tecendo o enredo de uma "vida pregressa"!

2) A desigualdade das sortes humanas só se explicaria como conseqüência de atos bons ou maus praticados numa encarnação anterior. - Respondemos que Deus é livre para criar os homens como Ele os quer; a cada qual dá a graça para que se santifique e chegue à vida eterna; às vezes uma pessoa tida como pobre ou doente no plano material e passageiro pode ser extraordinariamente rica e sadia no plano dos valores definitivos. Ademais, segundo os princípios reencarnacionistas, quem atualmente é doente e pobre é um pecador que está expiando pecados da vida passada, ao passo que os ricos e sadios são pessoas virtuosas que estão recebendo o prêmio dos atos bons praticados em encarnação anterior. Ora tais conclusões são absurdas.

3) Os demais fenômenos tidos como provas da reencarnação (o "já visto", os gênios, a memória extraordinária...) são facilmente explicados pela parapsicologia como expressões do psiquismo humano.

4) O conceito de inferno... - Muitas vezes a má compreensão do que seja o inferno, leva a rejeitá-lo em favor do reencarnacionismo. Na verdade, o inferno não é tanque de enxofre fumegante atiçado por diabos munidos de tridentes, mas é um estado de alma, no qual o indivíduo se projeta por dizer Não a Deus: após a morte a pessoa que morre consciente e voluntariamente avessa a Deus, é respeitada em sua opção, mas não pode deixar de reconhecer que Deus é o Sumo Bem... e o Sumo Bem que continua a amá-la irreversivelmente. É o fato de que Deus ama uma vez por todas, mas foi conscientemente preterido em favor de bagatelas, que causa o tormento do réprobo. Se Deus desviasse do réprobo o seu amor, ele não sofreria o inferno; mas Deus não pode deixar de amar, porque Ele não se pode contradizer. É precisamente nisto que está o princípio do inferno. Vê-se assim que o inferno, longe de contradizer ao amor de Deus, decorre, de certo modo, da grandeza divina desse amor.

5) O reencarnacionismo atribui ao homem o poder de salvar a si mesmo mediante sucessivas existências na carne, durante ao quais o indivíduo mesmo se aperfeiçoa por seus esforços. Ao contrário, o bom senso e a fé mostram que o homem é, por si só, incapaz de se libertar do pecado e necessita da graça de Deus para se salvar. Somente numa perspectiva panteísta (ver n° 5, a seguir) é que se pode admitir a auto-salvação do homem (pois no caso ele é parcela da Divindade); contudo numa perspectiva monoteísta, segundo a qual Deus é distinto do mundo e do homem, é lógico que o homem, limitado e falho como é, necessita de Deus para se auto-realizar plenamente.

5. Panteísmo

O Espiritismo, seja o kardecista, seja o afro-brasileiro, parece dar menos importância a Deus do que aos espíritos desencarnados. O culto espírita versa geralmente sobre a comunicação com os mortos.

Quando tratam de Deus, vários autores espíritas professam o panteísmo, ou seja, a identificação de Deus com o mundo e o homem. Ora tal conceito é ilógico e aberrante, pois Deus, por definição, é o Absoluto e Eterno, ao passo que toda criatura é relativa, contingente e temporária.

Eis alguns testemunhos significativos:

Leão Denis: "Deus é a grande alma universal, de que toda alma humana é uma centelha, uma irradiação. Cada um de nós possui em estado latente forças emanadas do divino Foco" ("Cristianismo e Espiritismo", 5a. edição, p. 24).

Leão Denis: "O Ser Supremo não existe fora do mundo, porque é sua parte integrante e essencial" ("Depois da morte", 6a. edição, p. 6).

O escritor espírita Rangel Veloso diz ter ouvido a seguinte declaração num Centro Espírita:

"Deus é como uma folha de papel, rasgadinha em milhões, bilhões e não sei quantas mais divisões. Lançados esses pedacinhos de papel no Universo, cada pedacinho de papel representa um homem e um ser existente; todos reunidos, formando o todo, é Deus" ("Pseudo-sábios ou Falsos Profetas", 1947, p. 34).

O 1° Congresso de Espiritismo de Umbanda adotou unanimemente a conclusão n° 5:

"A filosofia (de Umbanda) consiste no reconhecimento do ser humano como partícula da Divindade; dela emana límpida e pura, e nela firmemente se reintegra ao fim do necessário ciclo evolutivo no mesmo estado de limpidez e pureza, conquistado pelo seu próprio esforço e vontade."

(Textos colhidos no opúsculo de Frei Boaventura Kloppenburg: "Por que a Igreja condenou o Espiritismo", 2a. edição, Petrópolis 1954, p. 29).

6. "Fora da Caridade não há Salvação"

O Espiritismo apregoa em alta voz a prática da caridade, sem a qual não há salvação. - Tem razão em afirmar a importância da caridade. Todavia os espíritas chegam a relativizar a verdade, como se esta fosse algo de secundário, que não se teria de levar em consideração. - Ora observamos que o ser humano foi feito para apreender a verdade com a sua inteligência e praticar o bem e o amor em seu comportamento. Por isto não se pode dizer que basta a caridade para a salvação eterna. Em nome da caridade mal entendida (ou mal iluminada pela razão e a fé), podem-se cometer autênticas aberrações; a caridade desorientada pode tornar-se mero rótulo que dê aparência legitima ao egoísmo e à exploração do próximo. - De resto, a prática da caridade não é apanágio do Espiritismo, pois a Igreja Católica durante toda a sua história (portanto já muito antes de Allan Kardec) sempre se empenhou pela sorte dos carentes tanto de corpo como de alma; muitos e muitos Santos foram e são verdadeiros heróis do serviço ao próximo.

7. A Bíblia rejeita

Para quem é cristão, o texto bíblico tem valor de guia fundamental. Ora a Bíblia condena eloqüentemente a evocação dos mortos:

Lv 19,31: "Não vos voltareis para os necromantes nem consultareis os adivinhos, pois eles vos contaminariam".

Lv 20,6: "Aquele que recorrer aos necromantes e aos adivinhos para se prostituir com eles, voltar-me-ei contra esse homem e o exterminarei do meio do seu povo".

Lv 20,27: "O homem ou a mulher que, entre vós, for necromante ou adivinho, será morto, será apedrejado, e o seu sangue cairá sobre ele ou ela".

Dt 18,10-14: "Que em teu meio não se encontre alguém que queime seu filho ou sua filha, nem que faça presságio, oráculo, adivinhação ou magia, ou que pratique encantamentos, que interrogue espíritos ou adivinhos, ou ainda que invoque os mortos; pois quem pratica essas coisas é abominável a Javé, e é por causa dessas abominações que Javé teu Deus desalojará nações em teu favor... Eis que as nações que vais conquistar ouvem oráculos e adivinhos. Quanto a ti, isso não te é permitido por Javé teu Deus". Ver ainda 2Rs 17,17, Is 8, 19s.

A proibição se deve não à suposição de que os mortos sejam incomodados pelos vivos, mas ao fato de que não há receita que garanta a comunicação entre vivos e mortos. A necromancia é superstição. A oração que os cristãos dirigem aos Santos, não se baseia em fórmulas ou receitas mágicas, mas unicamente na convicção de que Deus quer conservar a comunhão entre os membros do Corpo Místico de Cristo; por isto Ele faz que os justos no céu tomem conhecimento das preces despretensiosas que lhes dirigimos na Terra e, em conseqüência, intercedam por nós.

Quanto ao caso de Saul, que evocou Samuel mediante a pitonisa de Endor e foi atendido (cf. l Sm 28,5-15), não é paradigma, pois diz a própria Bíblia que Saul foi condenado por causa disso (cf. 1Cr 10,3). Deus permitiu que Saul recebesse de Samuel, naquele momento, a advertência de que estava no fim sua vida terrestre e no dia seguinte ia morrer; foi por causa da importância solene daquela hora que Deus permitiu a resposta de Samuel; ela não foi provocada pela arte da adivinha; esta apenas forneceu a ocasião ou as circunstâncias da manifestação de Samuel.

***

Eis por que não sou, nem posso ser, espírita. Religião não é apenas emoção e sentimento, mas é culto de Deus e serviço aos homens, sempre iluminado pelas luzes da razão e da fé na Palavra de Deus. O que muito atrai as pessoas ao Espiritismo, é a capacidade que este tem de suscitar afetos e emoções diversas, muitas vezes desligadas de senso lógico e espírito critico. Ora quem permite que os sentimentos preponderem sobre o raciocínio, arrisca-se a cometer graves erros doutrinários e prejudicar sua saúde psíquica... principalmente quando se trata de religião, que é um dos fatores mais aptos a impressionar o ser humano

2 comentários:

AURI-ZELIA disse...

Nunca vi tantos absurdos,
Senhores Jornalistas, partindo do princípio que o objetivo de todo jornalista ético e sensato é o de informar bem, com coerência, honestidade, dignidade e imparcialidade, preocupando-se sempre com o indispensável conhecimento da causa que leva a reportar, venho apresentar-lhes uma contribuição em cima de um assunto que muitos profissionais do jornalismo, embora bem intencionados, terminam por cometer equívocos lamentáveis, por uma inexplicável ignorância que compromete os seus nomes bem como o dos veículos por onde veiculam as suas matérias ou reportagens.

Falo a respeito do assunto Espiritismo, tema este que invariavelmente é visto apenas no campo religioso, o que na verdade não é, e sobretudo o que é mais lamentável, sempre enfocado com afirmativas de conceitos absurdos, oriundos do “achismo” e também de uma cultura criada na cabeça das pessoas, pela intolerância e pela desonestidade religiosa.
Fonte: Cirilo Veloso Moraes/em seu blog Simples coizas da vida

AURI-ZELIA disse...

Nunca vi tantos absurdos,
Senhores Jornalistas, partindo do princípio que o objetivo de todo jornalista ético e sensato é o de informar bem, com coerência, honestidade, dignidade e imparcialidade, preocupando-se sempre com o indispensável conhecimento da causa que leva a reportar, venho apresentar-lhes uma contribuição em cima de um assunto que muitos profissionais do jornalismo, embora bem intencionados, terminam por cometer equívocos lamentáveis, por uma inexplicável ignorância que compromete os seus nomes bem como o dos veículos por onde veiculam as suas matérias ou reportagens.

Falo a respeito do assunto Espiritismo, tema este que invariavelmente é visto apenas no campo religioso, o que na verdade não é, e sobretudo o que é mais lamentável, sempre enfocado com afirmativas de conceitos absurdos, oriundos do “achismo” e também de uma cultura criada na cabeça das pessoas, pela intolerância e pela desonestidade religiosa.
Fonte: Cirilo Veloso Moraes/em seu blog Simples coizas da vida