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sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Tipos de caráter

DESCOBRIR O CARÁTER

Fonte: Costa, Anna Maria, Conheça o seu filho, Quadrante, São Paulo, 1985

Introdução

O NERVOSO

O SENTIMENTAL

O COLÉRICO

O APAIXONADO

O SANGÜÍNEO

O FLEUMÁTICO

O AMORFO

O APÁTICO

Introdução

Para conhecer as pessoas, não é necessário sermos psicólogos, na acepção estritamente técnica do termo, mas que há um co­nhecimento dos traços mais salientes da pessoa, do seu modo habitual de ser, de reagir, de situar-se em face dos acontecimentos, que parte da simples obser­vação e que está ao alcance de qualquer um. Trata-se, com efeito, de um conjunto de observa­ções sobre o caráter baseadas no senso comum, e que ao mesmo tempo encontram a sua confirmação no campo das pesquisas psicológicas: pela sua sim­plicidade podem, pois, ser utilizadas por qualquer pessoa animada de boa intenção, e são de segura confiabilidade pela sua base científica: a psicologia, ao contrário de tantas "modas passageiras", nunca negou o valor da experiência e do bom senso.

Tudo isto tem um nome difícil: caracterologia. Mas não nos deixemos impressionar; trata-se apenas de conhecimentos práticos que podem oferecer:

- a moldura externa em que enquadrar a pes­soa que desejamos conhecer, o que poderá esclare­cer-nos melhor os traços do seu caráter;

- a consciência de que cada comportamento dos pessoas tem um significado próprio, porque é uma manifestação do seu caráter e é suscetível de uma intervenção educativa. Seria, pois, um erro primário conceber o caráter de uma pessoa como algo tão estável que não admite um trabalho de formação.

Observando cuidadosamente os pessoas, notar-se-á como não é possível encontrar na classificação e descrição dos "tipos" um retrato fiel da sua perso­nalidade; isso é algo evidente, pois cada indivíduo tem uma personalidade inteiramente original. Seria, pois, um erro enquadrar um filho no tipo "amorfo" ou "sentimental", mesmo que algum traço do seu caráter se situe neste tipo ou naquele.

Conhecer o caráter de uma pessoa significa, acima de tudo, tomar em consideração todos os ele­mentos que o caracterizam, sem descurar nenhum e sem reduzir arbitrariamente a personalidade do indivíduo a um único conceito, erro em que se in­corre quando se define um filho como maduro ou imaturo, introvertido ou extrovertido, altruísta ou egoísta.

O caráter compõe-se de elementos inatos e de elementos adquiridos. Os primeiros estão ligados ao organismo e não são suscetíveis de uma modificação total; são a constituição física, o temperamento e a inteligência (esta última nas suas várias formas: con­creta, abstrata, lógica, imaginativa).

Os elementos adquiridos do caráter são:

- o conjunto dos sentimentos; a vida afetiva tem uma importância particular na formação do caráter;

- ­o conjunto dos valores e dos ideais, generi­camente considerados como representações concei­tuais, que determinam a conduta e levam á preferir um modo de agir a outro;

- o conjunto das atitudes, consideradas como inclinação para reagir de um modo inteiramente pessoal; estão ligadas à vida afetiva e emotiva da pessoa.

A família pode exercer uma notável influência na formação dos sentimentos, dos valores e das pre­disposições. Na classificação e no estudo do caráter, foram tomados em consideração três elementos fun­damentais que determinam o tipo caracterológico segundo a proporção com que se combinam; a emoti­vidade, a atividade e a ressonância das impressões.

A emotividade

Por emotividade entende-se normalmente a intensidade das reações afetivas. Toma em considera­ção tanto a capacidade de reagir perante situações que, para os outros, seriam totalmente inócuas, como a extensão dessas reações.

O emotivo tende a agitar-se, a comover-se e a preocupar-se por coisas que ele mesmo poderá admitir, num segundo momento, que objetivamente não valiam a pena serem tomadas tão a sério. Todos podem emocionar-se em certas circunstâncias; por isso, a melhor maneira de conhecer a intensidade das emoções próprias ou das dos outros é considerar a desproporção que pode existir entre o fato real que provocou a emoção e a intensidade desta. Uma for­ma muito acentuada de emotividade é a ansiedade.

A atividade

Por atividade entende-se a tendência que leva a agir e a trabalhar mais pelo gosto da atividade em si do que pelo seu resultado. Em sentido caracterológico, a atividade corresponde a uma necessidade íntima e constante do indivíduo: é a sua "energia". É ativa a pessoa que, perante um obstáculo, procura superá-lo, e para isso aumenta a sua capacidade de ação. É inativa a pessoa que, ao contrário, desanima diante de um obstáculo.

A atividade caracteriza-se pela disponibilidade para estar sempre ocupado, mesmo nos tempos li­vres; pela facilidade e desembaraço no esforço; por passar da decisão à ação sem inércia; pela tenaci­dade na consecução dos propósitos, unida à facili­dade e à rapidez em recuperar as energias gastas e à necessidade íntima de realizar imediatamente o que foi decidido. já a inatividade faz-se acompanhar de um certo cansaço e lentidão no agir, da inclina­ção evidente para a preguiça - que, no entanto, não é verdadeiramente preguiça, mas expressão de uma carência de energia -, da tendência para desanimar facilmente porque não se consegue fazer o que se quereria.

A ressonância das impressões

Por ressonância entende-se a medida das nossas reações às impressões externas. Estas podem ser pri­márias, se duram pouco; e secundárias, se a sua du­ração é longa. As reações do chamado tipo primário são imediatas e breves; as do tipo secundário não são imediatas e tendem a prolongar-se e a ser revi­vidas no tempo. Os tipos primários tendem a viver no presente, ao passo que os secundários se ressen­tem muito da influência do passado.

O quadro caracterológico

Da combinação desses três elementos - emoti­vidade, atividade, ressonância - resulta o seguinte quadro:

Emotivo - inativo - primário: nervoso;

Emotivo - inativo - secundário: sentimental;

Emotivo - ativo - primário: colérico ou dinâmico;

Emotivo - ativo - secundário: apaixonado;

Não emotivo - ativo - primário: sangüíneo;

Não emotivo - ativo - secundário: fleumático;

Não emotivo - inativo - primário: amorfo;

Não emotivo - inativo - secundário: apático.

Este quadro tem o valor de um esquema de re­ferência. Na realidade, nunca encontramos o tipo perfeito do fleumático ou, por exemplo, do amorfo, dada a complexidade da pessoa humana e a indivi­dualidade que a caracteriza. As páginas que se se­guem devem, portanto, constituir apenas um ponto de referência. E óbvio que este es­quema não deve servir para aplicar um "rótulo" às pessoas!


O NERVOSO

Características: emotivo, inativo, primário.

Extrovertido e absolutamente primário nas rea­ções. Tem uma sensibilidade tumultuada e incoeren­te, uma inteligência desordenada e uma vontade inconstante. Tende facilmente aos entusiasmos e às contradições. Foge da solidão, gosta das mudanças e das novidades, da alegria e dos divertimentos. Mostra-se satisfeito de si próprio, vaidoso e desejoso de estima. Tendencialmente instável, tem uma apa­rência tensa e move-se por impulsos.

É violento e suscetível; procura emoções pro­fundas e novas, e cai em freqüentes contradições entre o que pensa e o que vive. É talvez o mais pro­penso à mentira. Hipercrítico e desconfiado, experi­menta desejos elevados e inconstantes: tende a cons­truir grandes projetos, que depois abandona. Fica satisfeito quando se acha em primeiro plano, fala continuamente de si, é hábil na conversa, procura impor-se por meio da crítica e do espírito de contra­dição, e pode chegar a assumir atitudes orgulhosas e de desprezo para com os outros. Amável e afetuoso, apresenta-se como o típico "menino simpático", que, no entanto, não se submete a nenhum esforço.

Modo de tratar: precisa de educadores muito francos e muito generosos, dispostos a aceitar pacien­temente a sua emotividade e a saber orientá-lo. É contra-indicada a severidade excessiva. Pode ser oportuno, sempre com o parecer dum médico, ajudá-lo a conseguir um mínimo de calma, utilizando, se for preciso, um adequado tratamento fisiológico. Exige muita vigilância - mas não uma atitude de indis­crição ou curiosidade -, acompanhada de muita delicadeza no trato; as repreensões e as críticas não o educam, antes o levam a protestar com violência. Pode-se ajudá-lo a superar o seu desejo de exibir-se procurando descobrir-lhe motivos positivos, valores morais que o incitem a destacar-se, estimulando-o depois a fazer as coisas sempre melhor.

Na adolescência, é útil revelar e explicar ao fi­lho os defeitos do seu caráter e quais os limites da sua personalidade; em qualquer caso, é preciso cor­rigi-lo com delicadeza sempre que erra e procurar responder-lhe com calma, evitando dar-lhe motivo para novas irritações. Demonstrar-lhe interesse repetidas vezes e elogiá-lo para sublinhar os seus primei­ros sucessos.

Pôr em prática uma pedagogia ativa e viva; es­timulá-lo a auto-afirmação pelo domínio de si próprio e, durante a puberdade, ajudá-lo a analisar uma determinada emoção, para poder governá-la. Afas­tá-lo das suas falsas manias de originalidade, que o levam a assumir atitudes teatrais, e estimulá-lo a conseguir uma individualidade autêntica, meditada, decidida.

Dirigir-lhe a inteligência, atraindo-a para formas abstratas de raciocínio. Ensiná-lo a ver as coisas numa perspectiva ampla, a procurar o "como" e o "porquê". Ajudá-lo a dominar a força motriz por meio de uma atividade esportiva. Para isso, são mui­to úteis os trabalhos manuais: propor-lhe um único objetivo de cada vez, mas exigindo com firmeza e afeto que o leve até o fim. Ajudá-lo a ter um horário e a não deixar as coisas para "amanhã".

Quanto a tomar decisões, é impulsivo e decide precipitadamente, sem prever as conseqüências; por esse motivo, é conveniente levá-lo à ação em coisas que ponham em jogo a sua reputação, utilizando, como estímulo, o seu amor próprio. Os passeios ajudam-no muitíssimo. Quanto às manifestações tí­picas de impulsividade (teimosia, palavras, gestos), criar o vazio à sua volta e deixar que se extravase - desde que não se trate de manifestações gra­ves -, aguardando que recupere a calma para lhe mostrar a sua fraqueza, comparando-a, bem mais tarde, com o domínio de si demonstrado por algum dos seus amigos.

É muito inconstante nos seus interesses e nas suas simpatias; a escola, com a sua regularidade e obrigações, ser-lhe-á de muita ajuda. Mas deve estar sempre ocupado: a família pode proporcionar-lhe algumas novidades e variedades nos jogos e nas ati­vidades. De qualquer juízo negativo que se faça a seu respeito, dar-lhe uma explicação tranqüila e afe­tuosa; é importante não sermos tímidos com os ner­vosos.

Inclina-se a faltar à objetividade e a mentir para enfeitar a realidade. Não se deve, pois, alimen­tar a sua imaginação, e é preciso fazer com que em casa tenha um ambiente pouco receptivo às suas "invenções", mas sempre sem muita severidade. E vaidoso e orgulhoso: procurar não extinguir-lhe o orgulho, que é parte do seu potencial, mas dar-lhe um rumo certo, de modo que se sinta satisfeito não tanto pela sua pessoa mas pelos seus atos. E preciso proporcionar-lhe ocasiões de conseguir um certo su­cesso, tendo depois o cuidado de mostrar que "5e notou", elogiando-lhe o esforço e o resultado. Nas suas "raivinhas", náb ceder, e fazer com que ganhe consciência delas, mas com uma tranqüilidade quase indiferente, sem ironia nem castigos. Desmontar-lhe os caprichos com poucas palavras e calma.


O SENTIMENTAL

Características: emotivo, inativo, secundário.

É fechado e introvertido. Procura a solidão, não gosta de mudanças e novidades. Compraz-se nas coisas habituais e nas lembranças. Cai com freqüência na melancolia, é tímido, mostra-se descontente de si próprio e pouco preocupado com o aspecto exterior. É dócil e sensível; uma simples repreensão pode feri-lo profundamente. Tem mudanças de humor lentas, mas profundas. É honesto e geralmente sincero. Conserva por muito tempo, firmes, as tristezas e as felicidades da infância: cada nova expe­riência se insere nas impressões já enraizadas; há uma continuidade muito forte entre a sua conduta atual e a vida passada. Indeciso e meditativo, não integra facilmente e é propenso a isolar-se. Às vezes, a introversão muito acentuada pode levá-lo à arrogância, ao menosprezo e à falta quase total de sociabilidade. Falta-lhe senso prático.

Tudo pode marcá-lo profundamente; uma pequena descompostura, um sofrimento, um castigo.

Não se adapta facilmente à vida de grupo. Necessita particularmente de um ambiente escolar acolhedor. A sua inatividade leva-o a temer a ação, e a sua emotividade a temer as conseqüências da ação, pas­sando por indecisões e escrúpulos. Pensa e raciocina com honestidade, mas caoticamente: nos estudos, manifesta pouca inclinação pelas matérias científicas. Sua timidez deve-se freqüentemente a uma adapta­ção afetiva insuficiente.

Modo de tratar: o ambiente familiar é de gran­de valia do ponto de vista afetivo; é bom que seja um ambiente rico de afeto, mas sem muitos cari­nhos. Evitar-lhe, durante a infância, tanto as situa­ções por demais penosas como uma atmosfera exces­sivamente carinhosa e suave. Procurar compreender bem as coisas e as situações que possam feri-lo, para ajudá-lo a esquecer e a aceitar também os fatos desa­gradáveis sem exasperar-se. Ajudá-lo a viver em har­monia com o ambiente; para isso, é preciso con­seguir, enquanto não sair da adolescência, que se interesse pelo ambiente familiar, a fim de que não desanime e venha a isolar-se.

Não combater a introversão em si, mas comba­ter o gosto pela solidão, pelo passado, pelas lembran­ças infantis, a obstinação por essas situações e o acabrunhamento. Estimulá-lo elogiando-lhe os pri­meiros êxitos, e rodeá-lo de um ambiente que o ajude constantemente. Usar de muita indulgência: não sublinhar nunca as suas fraquezas, mas propor­-lhe uma meta a conseguir, e depois outra, sem deixá-lo pensar que seus insucessos sejam graves.

Dada a sua tendência à inatividade, ajudá-lo a tomar decisões modestas, mas progressivas. A atividade ajuda-o também a livrar-se de seus hábitos e manias; é necessário para isso descobrir quais as coisas que podem interessá-lo e provocá-las. Em qualquer caso, não deixá-lo por muito tempo no ócio contemplativo das leituras ou do diário íntimo. Certificar-se da firmeza dos seus conhecimentos re­ligiosos, a fim de orientar a sua vaga religiosidade para uma religião autêntica.

Captar as suas veleidades, ajudá-lo a determi­nar-se, encorajá-lo e desfazer os seus "não vale a pena". Mesmo quando não tem nada de concreto a realizar, fazer com que o seu dia esteja preenchido, e ajudá-lo a superar com decisões autônomas a sua passividade.

Devido à sua intranqüilidade, necessita do afeto firme e estável dos que o rodeiam. Evitar as humi­lhações que ferem a sua dignidade; os sentimentais apáticos aproveitam-se das humilhações para despre­zar-se, para afastar-se mais da realidade; os senti­mentais ativos, para conservar rancores e ódios.

Infundir-lhe confiança e coragem constantemen­te, mostrar-lhe com discrição (ou total silêncio) as faltas cometidas, e facilitar-lhe que se desculpe. No relacionamento afetivo, descobrir a sua sensibilidade, que é muito rica. Há sentimentais que na adolescência tendem ao dogmatismo e à utopia; é neces­sário revelar-lhes essas atitudes e fazer com que as reconheçam.


O COLÉRICO

Características: emotivo, ativo, primário.

É extrovertido, impulsivo, violento, excitável, com simpatias muito pronunciadas e sempre à pro­cura de impressões novas. Desejoso de resultados imediatos; insincero pela tendência que tem para exagerar; muito loquaz e propenso a falar mais de si do que dos outros e das coisas. Nos primeiros anos da escola é um aluno turbulento, Instável, agi­tado, atento a tudo; coleciona os objetos mais varia­dos, é excessivamente rebelde, ofende os outros, insubordina-se com freqüência e com acentuada hostilidade. Não tem complexos, é muito ousado, e alterna impulsos afetivos com atitudes bruscas e até rancorosas. Escolhe os seus afetos de modo exclu­sivo.

O ambiente familiar parece-lhe restrito e mes­quinho: quer liberdade e procura independência. O companheirismo é uma das suas predileções; influi rapidamente sobre o grupo, com a facilidade da sua palavra. Participa com prazer dos trabalhos de equi­pe: fá-lo-á com maior entusiasmo se contribuir para as decisões. Mostra-se disposto tanto a executar um serviço com o maior empenho como a criar dificul­dades. E generoso, compassivo e serviçal, mas só se interessa pelas coisas que aprecia. Sempre alegre e de bom humor, gosta de fazer piadas que, às vezes, chegam à grosseria. Tem senso prático e é dotado de capacidade inventiva. E francamente límpido; não mente para enganar, mas para exagerar, embelezar, e colorir as suas próprias palavras. E capaz de uma fortíssima concentração quando tem de enfrentar uma situação inesperada e urgente; nas provas orais, exibe-se de maneira brilhante.

E sensível a tudo o que lhe dizem, à oratória, às aparências. Tem um comportamento sempre va­riável, mas sem má-fé. Nenhum colérico é um aluno excelente. Alcança um nível talvez aceitável, ainda que a maioria das vezes abaixo do normal. Seu oti­mismo é total. Possui uma inteligência prática (estu­dante medíocre, mas um vivo homem de negócios). Manifesta pouca inclinação pelos trabalhos escola­res abstratos. Sonha com tudo sem nunca se decidir por nada; tem desejos vagos e dificuldade para es­colher. Tende à improvisação e à precipitação. Sua rapidez intelectual é paralela à sua instabilidade emotiva.

Modo de tratar: dar oportunidades ao seu de­sejo de agir, através de atividades esportivas. Che­ga-se a ele pelo coração, e não com raciocínios lógi­cos. Uma ordem recebida estimula-o à rebelião e então faz exatamente o contrário. Dar-lhe sugestões e inspirá-lo a tomar decisões acertadas. Precisa de alguém com personalidade - professor, pai - que saiba impor-se para conquistá-lo.

Deixar-se-á guiar quando se sentir dominado por uma confiança viva e firme, sorridente e vibran­te. Deve experimentar constantemente a nossa sim­patia, mesmo quando for necessário censurá-lo. Evitar as críticas humilhantes na presença de outros, não tanto porque ficará marcado, mas porque não as aceitará e fugirá. Conversar com ele a sós, mostrando-lhe que o que fez não é digno dele, que vale muito mais do que aquilo que a sua atitude parece revelar.

Nada se conseguirá dele se não lhe forem dados objetivos que sejam do seu interesse. Respei­tar os seus projetos, cultivá-los, precisá-los, lembran­do-lhe que deve dedicar-se totalmente a prepará-los. O resultado então é duplo: orienta a sua atividade impetuosa e introduz nela constância e humanidade.

Viver com ele a sua vida e os seus interesses; agra­dar-lhe-á profundamente esta atenção. Procurar inte­grá-lo o mais possível no ambiente escolar.

E necessário preparar-lhe alguns sucessos que o encorajem. Ajudá-lo a superar-se, confrontando-se consigo mesmo. Estar atentos à facilidade com que faz amizades: a sua conduta depende da companhia que tem. Necessitaria de um bom amigo que o tra­tasse com tato. Escolher para ele atividades em que as dificuldades não sejam senão obstáculos que a sua vivacidade ultrapassará. Substituirá assim as suas reações por uma ação positiva e ponderada. Deve-se fazer com que ganhe consciência da sua capacidade de concentração, para que possa reagir de maneira ponderada e não impulsiva a um fato imprevisto.

Organizar com cuidado o seu trabalho escolar, para o qual necessita de certa disciplina; e renovar--lhe constantemente os objetivos em que deve empe­nhar-se. Concentrar, ativar e vivificar o estudo (tão necessário quanto no caso dos nervosos). E útil o método empírico. Fixar com ele a finalidade geral dos seus objetivos e do seu trabalho. E a seguir documentá-lo com informações e leituras que tornem concreto o seu caminho. Dar às suas coisas um tom de poesia e de aventura, sublinhar as pequenas vitó­rias escolares e pessoais, mostrar-lhe que avança dia após dia ao encontro de um futuro que ele mesmo escolheu: tudo isto é disciplina da imaginação. Obri­gá-lo, quando trabalha, a agir com reflexão e cui­dando dos detalhes: tem a tendência ao "mais ou menos". Infundir-lhe calma e confiança. Na educa­ção, evitar que permaneça isolado ou na ignorância a respeito de si próprio. Procurar fazer com que seja consciente do seu modo de ser.


O APAIXONADO

Características: emotivo, ativo, secundário.

Existem apaixonados intensos e apaixonados atenuados ou reflexivos.

Os apaixonados intensos são sérios, sombrios, fechados em si mesmos. Isolados, muito impulsivos, impacientes, suscetíveis, críticos, intolerantes, fechados nas suas próprias idéias, intratáveis; querem dominar.

Os apaixonados reflexivos não são graves nem sombrios; são menos fechados em si próprios, e re­flexivos, pacientes, tolerantes, abertos às novidades e não-dominadores.

Ambos os tipos têm como fundo comum a vio­lência, a ação decidida, o pensamento rápido, o sen­so prático, a amplidão de vistas, a independência, o espírito de observação, a boa memória, uma certa falta de coragem em face do perigo.

O apaixonado intenso

E o apaixonado em que a emotividade, a ativi­dade e o caráter secundário estão presentes em ex­cesso. Apresenta problemas educativos especiais e difíceis. Pode ser:

- melancólico: mais meditativo ou vingativo. A melancolia encoberta por um ativismo pode vir a manifestar-se em conseqüência de uma inferioridade ou de um problema moral. Possui uma suscetibili­dade muito acentuada. É um estudante preciso e constante, muito inclinado às leituras sérias.

- impetuoso: com uma forte emotividade e atividade. Às vezes, assemelha-se ao colérico. Mal-humorado, teimoso, não perde de vista o que deseja e o que se passa à sua volta. Cede diante dos argu­mentos da razão. Um Impetuoso pouco dotado inte­lectualmente não aceitará o insucesso; quererá com­pensá-lo com o trabalho excessivo ou impondo aos outros a sua própria autoridade. A emotividade, unida ao caráter secundário, assumirá um tom afe­tuoso e alegre se o ambiente for favorável e agradá­vel; num ambiente inadequado, dará fortes sinais de rebeldia. Ao apaixonado, ajuda-o somente a autori­dade baseada na convicção afetuosa e no ambiente favorável.

Modo de tratar: precisa de uma direção sólida, mas nunca rígida e brutal. E preciso mostrar-lhe que é compreendido e que se pretende ajudá-lo, e evitar ofendê-lo ou trair a sua confiança: trata-se de um hiper-emotivo. Falar-lhe ao coração e, ao mesmo tempo, persuadi-lo e convencê-lo. Em face da sua possível obstinação, não interferir nas suas reflexões e discutir amigavelmente as suas objeções. Nunca lançar mão de piadas e ironias. Habituá-lo a meditar os seus próprios atos e, para tanto, a servir-se ampla­mente do raciocínio. Apresentar-lhe os problemas com clareza, para que adquira esse hábito.

E necessário estar de sobreaviso com relação às crianças que meditam continuamente as injustiças das quais se acham vítimas. Esta tendência pode ser controlada com um ambiente aberto, acolhedor, oti­mista. Habituá-lo a conhecer os limites das suas possibilidades, e não ceder em nada uma vez que lhe tenha sido imposta uma justa proibição. Oferecer-lhe um ambiente agradável e ajudá-lo mediante a auto­ridade de uma correção fraterna.

O apaixonado reflexivo

Aplica-se seriamente aos deveres escolares; nun­ca se mostra ansioso. As suas diversões são compli­cadas e inteligentes (gosta de montagens, por exem­plo), e interessa-se por coisas, pessoas e aconteci­mentos devido aos problemas que lhe levantam. Devora livros escolares, de cultura ou de ciência; conserva com esmero os seus livros e cadernos. Já denota uma maturidade bem consolidada a partir dos 13 ou 14 anos. Às vezes tem manifestações de carinho, mas normalmente mostra-se reservado e tenso. Tem sentimentos familiares muito acentuados.

Não muito emotivo, revela uma perseverança tranqüila e absolutamente contínua. Pouco impulsi­vo, sabe dominar-se e procura a conciliação; a sua violência não passa de algumas efervescências mo­mentâneas; sem ostentação, assumirá um papel de D. Quixote, e não deixará de se obstinar enquanto achar que a sua causa é justa. Manifesta uma firme ponderação quando faz as suas escolhas. Geralmente, está entre os melhores alunos da escola, pois tudo o ajuda nesse sentido: a inteligência, a memória, o es­pírito de observação. E generoso, ajuda com prazer os colegas mais fracos, mas é, ao mesmo tempo, independente; gosta de trabalhar sozinho. Tem um vivo e forte sentimento religioso.

Modo de tratar: é preciso vigiar o nosso com­portamento diante dele: é alguém que julga e sofre. O trabalho de grupo - que não é da sua preferên­cia - dá-lhe o senso do social. Faz-lhe bem em­preender pequenas viagens. Deve-se convencê-lo a praticar esporte, mostrando-lhe os benefícios que traz à sua vida pessoal, à sua saúde, etc. Animá-lo a praticar atos de coragem, para os quais se sente pouco inclinado. Os passeios com a família podem aju­dá-lo muito. Estimular-lhe o gosto pelas artes plás­ticas, pela música, explicando-lhe que são úteis para o seu enriquecimento pessoal, para a sua cultura geral, etc. Dar-lhe uma formação religiosa baseada na reflexão; em vista dos seus fortes impulsos sexuais, oferecer-lhe explicações claras e simples, que assimilará com facilidade.


O SANGÜÍNEO

Características: não-emotivo, ativo, primário.

É um caráter extrovertido, que logo se dá a conhecer. Manifesta grande atenção e interesse pelo atual e pelo que lhe está próximo, e tende ao con­creto. Assimila facilmente a educação que recebe:

Na escola, está entre os melhores alunos, se for convenientemente acompanhado; e quando devidamente orientado, pode transformar em qualidades muito positivas tendências quase indiferentes à primeira vista. Tem uma certa pobreza interior, de que pro­cede a sua curiosidade; manifesta uma vida moral débil pois não tem forças para dizer "não" a uma tentação. Pode cometer pequenas má-criações e fur­tos, mente com facilidade e mostra-se insensível quando é apanhado em flagrante.

Tem uma vida religiosa fraca: pratica exterior­mente, mas "dentro" não tem nada. Para ele, "qualquer sacrifício requer demasiada renúncia; e manso, independente nos juízos, gosta de discutir e tem opinião a respeito de tudo. Costuma ter uma inteli­gência superior à média e de tipo sintético. Gosta das visões panorâmicas e de tudo o que é positivo e objetivo (terá sucesso nas ciências); é atraído pelas novidades, interessa-se por tudo, mas o seu interesse diminui com as primeiras dificuldades; tem uma vontade medíocre.

Geralmente é afetuoso, mas egoísta: gosta das pessoas pelo que elas lhe proporcionam, e não pelo que são. Quando briga, reconcilia-se facilmente. E oportunista, versátil e diplomático: "E melhor não quebrar a cabeça e tomar as pessoas e as coisas como elas são". E muito permeável à influência dos outros. Hábil e cortês, tem presença de espírito e sai-se bem nas dificuldades, por exemplo em viagens, caronas", etc. Gosta de esporte. Tem senso de pon­tualidade e um instinto inato de orientação. Persegue fins imediatos; grande trabalhador, mas com tendência para a mediocridade, não porque seja preguiçoso, mas porque passa de uma coisa para outra com toda a facilidade. Atravessa a puberdade sem grandes conflitos, mas apenas com a natural curiosidade. No estudo, corre o risco de vir a fazer "corpo mole" e de procurar diplomas fáceis; tende a buscar traba­lhos de tipo administrativo.

Modo de tratar: conter e orientar-lhe a curiosi­dade, que no seu caso é alavanca excelente para sucessos futuros. Encorajá-lo para que a confiança que tem em si~ mesmo e nos seus propósitos o levem a realizar metas ambiciosas. Transformar a sua bon­dade um pouco exterior em bondade interior e profunda; torná-lo generoso. Solicitar-lhe a inteligência; submetê-lo a um esforço que seja contínuo, propon­do-lhe objetivos concretos e constantes.

Estimular nele uma autêntica sensibilidade e ajudá-lo a combater gradualmente as reações primá­rias e a ausência de emotividade. Necessita de uma integração profunda no ambiente familiar; uma cá­lida intimidade ajudá-lo-á a crescer na sua afetivi­dade. Necessita de um ambiente firme e ordenado, de uma disciplina vigilante, mas discreta; é conve­niente seguir o seu trabalho escolar, observar como o executa, pedir-lhe e comentar com ele as notas, criticá-las sem amargura, mas com clareza; exigir-lhe mais aplicação, fixando metas e prazos para a sua consecução.

Para combater a sua tendência à ausência de emotividade, inculcar-lhe simpatia pelos seres vivos. Habituá-lo a contemplar a natureza; fazer-lhe notar a beleza de uma paisagem, fazer com que descubra o mundo dos contos, das histórias e das fábulas, das canções, etc.

O trabalho e a intervenção da mãe são decisi­vos nestes casos. Ela pode suscitar nele o interesse pelo trabalho e pela atividade em geral, e desenvol­ver-lhe a sensibilidade. Não é bom que ignore a dor e o sofrimento dos outros, que normalmente o deixa­riam indiferente. Pode ser eficaz fazer-lhe notar a suavidade da mãe, a boa vontade do pai, o afeto dos irmãos, mediante conversas simples, em tom de confidência, em que se lhe descubram horizontes mais amplos. Dominar-lhe a curiosidade, concentran­do-a em interesses estáveis e concretos. Transformar a sua leviandade em autêntico otimismo; fazê-lo notar, caso por caso, os seus desleixos, e revelar-lhe a verdadeira causa dos seus insucessos e da sua "pouca sorte". Sublinhar, exemplificando com o caso de outras pessoas, os frutos e a satisfação que se seguem a um esforço constante. Na educação moral. propor-lhe um ideal que o atraia. Encarregá-lo de um trabalho, se possível com alguns dias de ante­cedência.


O FLEUMÁTICO

Características: não-emotivo, ativo, secundário.

É extrovertido e na escola tende a ser ativo, meticuloso e hábil no raciocínio. Prefere brincar so­zinho, ainda que aceite sem protestar, mas também sem grande entusiasmo, a companhia dos outros. É inclinado a executar com exatidão as suas tarefas; cuida e mantém em ordem as suas coisas.

Na vida familiar, desenvolve-se de modo tranqüilo, sem maiores problemas; é dócil e não mani­festa grandes efusões. Ama os pais por senso do dever e por gratidão. Nunca é causa de inquietação para a família ou de dificuldades para os professo­res. Isola-se de quando em quando com prazer; agradam-lhe brincadeiras calmas, como jogos de montar, baralho, xadrez. Mostra-se geralmente pouco loquaz, franco, simples, muito calmo. Manifesta, às vezes, um frio senso de humor.

Acomoda-se com facilidade, não gosta de novi­dades, é naturalmente disciplinado. Não é muito expansivo, tem interesses intelectuais, e uma propen­são exagerada para a ordem e a limpeza extrema. Quando é encarregado de um trabalho diretivo, exe­cuta-o de maneira precisa e exata. Tem vontade de fazer bem as coisas e não teme o esforço, desde que se trate de coisas do seu interesse. E pouco esportivo. Cede de vez em quando às inovações, mas logo volta ao tradicional. No estudo, procura ter ordem, classificar e resumir o que aprende; gosta de estudos históricos e filosóficos. Possui um espírito sólido e aberto.

Modo de tratar: estimular-lhe a emotividade, gradativamente e com muito afeto, pois não se obte­rá nada dele através da violência. Favorecer-lhe os contatos com o ambiente; não fará logo grandes ami­zades, mas começará a abrir-se aos outros. A ação da família deve orientar-se sobretudo no sentido de levá-lo a conviver com os outros. Mostra-se de vez em quando alegre, cordial, quase afável; lembrar-lhe esses momentos, rodeá-lo dos amigos que prefere, eliminar pela raiz as suas manias habituais, intro­duzindo na sua vida algo de novo e inédito. Não permitir-lhe que se entregue excessivamente às suas reflexões e que se isole muito. Atacá-lo no seu ponto fraco: o raciocínio. Pô-lo em contato com a natureza, que de inicio nada lhe dirá, mostrando-lhe por exem­plo a beleza de uma paisagem. Procurar que parti­cipe de jogos coletivos e de conversas de grupo; geralmente prevalece nele a atividade, e precisa efe­tivamente contar com ela, uma vez que é o seu elemento positivo. O ambiente familiar deve estimu­lá-lo e arrastá-lo, apoiando-se na sua atividade.


O AMORFO

Características: não-emotivo, inativo, primário.

Tem como traço fundamental uma preguiça evi­dente, distinta da do nervoso. Propenso à tensão psicológica. Está entre o nervoso e o sanguíneo: há, com efeito, amorfos para-nervosos e amorfos para-sangüíneos. Abre-se passivamente aos estímulos do ambiente. Executa docilmente as suas tarefas, se lhe são exigidas por uma "autoridade" que tenha competência; abandonado a si próprio, nada faria, e nunca faz mais do que lhe é pedido. Se um trabalho reclama esforço, adia-o para "amanhã". Deixa as coisas para a última hora, a fim de conseguir ajuda dos que já terminaram as suas tarefas. É bastante impontual.

Os para-sangúmeos demonstram uma preguiça particular, embora alguns consigam bons resultados nas línguas vivas e em geografia. Se são preguiçosos, mas comem bem, dormem e brincam como as de­mais crianças, revelam uma preguiça de caráter; no caso contrário, são astênicos, e convém que sejam tratados pelo médico.

No amorfo predominam os interesses egoístas e materiais, como o comer e o beber; é o que mais come, e mais lentamente: comer em meia hora pare­ce-lhe impossível; tem grande atração pela cama e pelo sono, e cuida pouco do asseio pessoal. Pratica esporte com prazer, se for esporte de grupo; não gosta de ginástica. Conformista, falta-lhe espírito prático. No trabalho e no estudo, quer sempre aca­bar logo e não cuida dos detalhes. É desordenado (alia a falta de jeito à preguiça). Exprime-se mal; procura economizar as palavras, encurtar as conver­sas, etc. Desperdiça comida, papel, material escolar, dinheiro. Gosta muito dos jogos de azar.

Modo de tratar: tem necessidade de uma auto­ridade clara e forte, de compreensão e firmeza, e de uma vigilância quase que diária em relação à pre­guiça. Não lhe devem ser propostos planos para o futuro ou objetivos a longo prazo. Provocar-lhe, não a vaidade, mas a auto-confiança que esta pressupõe. Encostá-lo à parede, para que escolha entre a imposição de um esforço e suas recompensas práticas ou morais, e o pressentimento de uma reprimenda e de uma punição. Realizará o esforço. São castigos adequados privá-lo dos doces ou de um divertimento ou um passeio, ou de alguma coisa de que goste. Dar-lhe a entender como é, com calma e naturali­dade; pôr-lhe em evidência o seu gosto pela inati­vidade, a sua negligência, a sua tendência a adiar as coisas. Mostrar-lhe que existem nele inclinações que deve vencer de modo a preparar o seu sucesso, mesmo que os resultados sejam pequenos. Sugerir-lhe um trabalho de grupo. Se lhe for proposto um esforço bem proporcionado, executá-lo-á. Leva muito em consideração as críticas, as caçoadas, as observa­ções dos seus companheiros.

Apelar continuamente para os seus gostos, tanto na família como na escola, a fim de que adquira o hábito de interessar-se e de esforçar-se. Ajudá-lo a fazer um programa de pequenos sacrifícios quanto ao dormir e ao comer.

Fazer-lhe notar as alegrias que dá o esporte, pois acabará por adquirir um certo prazer pelo es­forço. Interessá-lo em excursões e passeios que pos­sam ajudá-lo a mexer-se. Não permitir que se deleite na tranqüilidade dos hábitos domésticos; dar-lhe exemplos de energia, entusiasmo e atividade. Envol­vê-lo numa rede de deveres firmes e constantes, e não lhe permitir demasiadas desculpas por não os ter cumprido (mesmo em relação ao horário).

Fazer com que mantenha o quarto em ordem, limpe os sapatos e não seja negligente no asseio pessoal e no vestir. Fazê-lo lutar contra a imprecisão na linguagem, contra o desperdício, contra o hábito de tomar emprestado e não restituir, ou contra a impontualidade. Incentivá-lo a fazer cada dia algu­ma coisa pelos outros.


O APÁTICO

Características: não-emotivo, inativo, secundário.

Finge bastante bem possuir uma riqueza inte­rior que na verdade lhe falta por completo.

Na puberdade, é sujeito a reações de semi-opo­sição (fugas, pequenos furtos, mentiras). É pregui­çoso: falta-lhe tensão e força psicológica, é descon­fiado, guarda rancores profundos, obstinado. Revela princípios; é bom economizador.

Diverte-se pouco, responde pouco, mantém si­lêncios prolongados. No tempo livre, isola-se ou anda de grupo em grupo, sem parar em nenhum. É talvez o temperamento mais falso de todos. Fal­tam-lhe os recursos da energia. Não se interessa nem pelos companheiros nem por si próprio. Vive na “moleza” e passivamente. E o menos loquaz dos da sua idade. Fechado em si próprio, reservado, de hu­mor instável, sente prazer na solidão e tem uma docilidade apenas aparente; interiormente não aceita nada. Não se inclina a compadecer-se: é de uma hostilidade fria e dissimulada.

Modo de tratar: utilizar métodos e procedimen­tos ativos; neste sentido, é ótimo interessá-lo num trabalho de grupo. Integrá-lo num ambiente social compreensivo e vivificante. Obrigá-lo a sair de si mesmo para dedicar-se aos outros; cultivar-lhe desde cedo as virtudes altruístas; atrair freqüentemente o seu interesse. Para torná-lo mais ativo, despertar-lhe a atenção para as satisfações que acompanham o esforço pessoal, e situar este esforço na altura das suas possibilidades, ressaltando depois os resultados conseguidos; tirá-lo da rotina do automatismo, de modo a alcançar um comportamento autônomo e de­liberado.

Na vida espiritual, impedir que renuncie aos valores muito altos e se detenha nos desejos pessoais mais imediatos. Elevar o nível das suas aspirações, propondo-lhe gradualmente novos objetivos e ideais a conseguir.

3 comentários:

Instituto Ekloos disse...

Adorei este blog e as informações sobre caracterologia. Poderia incluir também o teste no blog? Muito obrigada e parabéns pela iniciativa. Andréa

Unknown disse...

Apaz do Senhor,tudo bem?,gostei muito do assunto,pois Sou evangélico,esse assunto é de muita própriedade pois conheço pessoas que tem essas características. que Deus continui te abençoando muitíssimo.


fl: cap: 4 ver:8

ClEniLdO CaMpOs disse...

Parabésn pelo belo trabalho sobre o caráter!
me ajudou muito em minhas pesquisas!